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Viajando pelo mundo com o ChatGPT (parte 1) – 29/03/2023 – Zeca Camargo

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” Qual a sensação de dormir num yurt na Mongólia?”

“Dormir num tradicional yurt mongol, também chamado de ger, com suas paredes de lona e feltro, oferece uma experiência aconchegante e íntima, muito dissemelhante de dormir numa barraca geral ou num hotel.”

O ChatGPT foi mais longe, descrevendo as paisagens que eu encontraria do lado de fora da tenda típica onde dormem as famílias nesse país de nômades. E completou:

“Quando o forno está aceso, o yurt pode ser muito hospitaleiro e quentinho, um tanto que é muito bem-vindo nas noites geladas.”

Muito… eu dormi num yurt em 2008, na volta ao mundo pelos patrimônios da humanidade da Unesco, e posso expressar que é uma façanha à secção. Nem sempre aprazível.


Dormi com o forno ligado, mas com pânico de incêndio: lona e feltro e um fogareiro! Tinha horas que eu acordava suando, mas quando dormi pesado e o queimada apagou, despertei gelado. Saí da tenda e encontrei o firmamento mais lindo que já vi na vida, descontando aquele da noite em que fui surpreendido por uma aurora boreal em Subida, na Noruega.


Agora responda rápido: qual das duas respostas te inspiraria mais a viver isso na Mongólia?

Não, esta não é mais uma poste engraçadinha desdenhando da capacidade do ChatGPT, essa novidade instrumento de lucidez sintético. Eu estava realmente interessado em saber se ele poderia me ajudar a velejar pelo mundo. Veja o que você acha.


Perguntei o que ele diria para uma amiga que tem pânico de fundura mas queria ir ao topo da Torre Eiffel. Resposta: “É compreensível que ela hesite em subir, já que tem essa fobia, mas existem razões atraentes que ela talvez queira determinar para superar seus obstáculos”.

Hum… Na sequência, o ChatGPT lista quatro razões para ela subir: melhor vista de Paris; ver a torre de perto; sentimento de conquista (autoajuda!); segurança. E ainda: “Se sua amiga ainda estiver na incerteza, ela pode visitar os andares mais baixos da torre”.

Minha versão: “Diga que ela nunca vai olvidar daquele vento gelado batendo na nuca, que vai fazê-la olvidar qualquer pânico e ainda te agradecer para sempre por você tê-la convicto de que esse pânico não é zero diante da história que ela vai descrever quando chegar em vivenda!”.

Você decide que juízo é mais valioso…

“É seguro ir para a Rússia porquê turista agora?”, questionei. ChatGPT: “As áreas mais afetadas pelo conflito estão no leste da Ucrânia, onde não há destinos turísticos na Rússia. Moscou e São Petersburgo não tiveram incidentes violentos ligados à guerra”. Achei útil!

Mais uma: “Sou um fã de futebol; o que devo visitar em Buenos Aires?”. As recomendações do chat vão de uma visitante ao estádio do River Plate até ver um jogo na Bombonera. Para quem gosta de literatura, na mesma cidade ele indica a Instauração Jorge Luis Borges, mas não o moca La Verso, em San Telmo, lugar que o redactor costumava frequentar…

No universal, achei que estava diante de uma página de Wikipédia, só que num tom informal. Por isso não tenho a certeza de que posso, por enquanto, responsabilizar no ChatGPT porquê uma boa bússola: qualquer pessoa que encontrar pelas ruas das cidades que pesquisei vai me dar uma informação mais rica que as que ouvi lá. Mais humana também.

Nem por isso encerrei minha “conversa” com ele. Pretendo voltar com perguntas do tipo: quais as chances e eu encontrar Björk pelas ruas de Reykjavik?; é verdade que tem um templo budista em Bancoc com uma imagem do Varão-Aranha?; quanto tempo leva para encruzar Funafuti a pé?; por que fui recebido em Timbuktu com a frase “bem-vindo ao término do mundo”?

Mal posso esperar pelas respostas.


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