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Valle Nevado: como é o resort de esqui do Chile – 09/08/2023 – Turismo

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“Você fala português também?”, pergunta a moça trajando luva, gorro e um grosso casaco cor-de-rosa enquanto o elevador desce em direção ao hall do hotel.

Ao receber resposta afirmativa, ela vira para o lado e dispara: “Mamãe, todo mundo cá é brasiliano?”. Nem todos, mas a maioria dos hóspedes do Valle Nevado é de veste do Brasil.

No resort chileno, 70% das diárias desta temporada são de turistas brasileiros. E não é difícil entender o motivo. Encravado na cordilheira dos Andes, o lugar oferece, por diárias a partir de R$ 560, um refúgio para quem quer evadir do calor e encontrar conforto.

O branco da neve é a cor que predomina na paisagem; e o esqui, o esporte predileto dos turistas. Os mais experientes deslizam sobre as montanhas com rapidez e elegância, uma vez que se a tarefa fosse fácil. Mas não se engane.

Esquiar exige paciência para aprender a técnica e desprendimento para deixar de lado a vergonha que se segue às inevitáveis quedas. Para quem topa o perrengue, o resort oferece aulas de esqui a partir de R$ 260 para adultos.

Marchar com o equipamento é um duelo à secção. Além de pesada, a bota não tem uma superfície plana, de modo que os inexperientes precisam diminuir o passo para não se estrafegar no soalho. Uma vez na neve, porém, é difícil fugir do trambolhão e do risco de atropelar os colegas.

Uma vez que o esqui desliza muito facilmente, é um duelo manter a firmeza e desviar dos outros hóspedes.

Por esse motivo, não era incomum ver esquiadores se jogando no soalho para evitar trombadas. O esforço para permanecer de pé foi tanto que leste repórter terminou a lição suado apesar do clima indiferente.

A temperatura também subiu à noite, durante uma balada na mansão de show do resort. A sarau começou um tanto morna, mas foi esquentando ao longo da noite até entrar em ebulição a partir das 23h.

Na pista, hóspedes dançavam ao ritmo pulsante do reggaeton e tiravam os casacos para pacificar o calor. A DJ empilhou uma sucessão de hits latinos, com recta a “Envolver”, de Anitta. O público, porém, não arriscou descer até o soalho para reproduzir o passo que a pop star brasileira tornou célebre.

Além da badalação, o Valle Nevado tem opções para quem gosta de roteiros gastronômicos. Um bom exemplo é o restaurante La Fourchette, que é especializado em culinária francesa e serve clássicos uma vez que foie gras, steak tartare e boeuf bourguignon. Os pratos são um delícia para os olhos e para a boca.

Os valores, porém, são salgados. Para provar o foie gras, é preciso desembolsar R$ 107. Já o medalhão de filé-mignon ao molho de mostarda Dijon sai por R$ 200. O La Fourchette também tem uma volumosa cartela de drinques, com mais de 50 opções de bebidas.

Quando o almoço estava quase terminando, tudo em volta começou a chacoalhar. Copos e talheres tilintavam. Clientes olhavam uns para os outros tentando entender o que estava acontecendo.

“No te preocupes. No te preocupes. Chile es un país sísmico“, disse uma das funcionárias do resort, tentando em vão acalmar o repórter, que presenciava um tremor de terreno pela primeira vez. “É normal. Acontece um desses a cada mês.”

Os esquiadores também não se abalaram. Continuaram singrando na neve uma vez que se zero tivesse ocorrido.

O Chile, no entanto, não é só neve e esqui. O país é um dos principais produtores mundiais de vinho, setor que representa 0,5% da economia e emprega mais de 100 milénio pessoas. Os dados são da Wines of Chile, ONG criada em 1949 para promover os vinhos chilenos.

Esse mercado ganhou ainda mais visibilidade a partir dos anos 1990, quando especialistas descobriram no país a uva carmenére. No termo do século 19, essa cepa havia sido praticamente extinta na França, seu origem original, depois que um pulgão devastou os vinhedos do país.

Confundida com a merlot, a uva carmenére ficou escondida nos vinhedos chilenos até ser identificada novamente. Rara no resto do mundo, acabou se tornando um trunfo para os viticultores locais, que a transformaram num símbolo do Chile.

Uma das empresas que cultivam essa uva é a vinícola Vik, dona do hotel de mesmo nome sabido por ser o reduto dos endinheirados. Também, pudera. As diárias chegam a R$ 7.000.

Ao caminhar pelos corredores do lugar, a sensação do hóspede é a de estar em uma galeria de arte. Quadros e esculturas estão em todos os cômodos, a inaugurar pelo hall, que traz exposto um díptico da série “A Vida Secreta das Vegetalidade”, do boche Anselm Kiefer.

Cada um dos 22 quartos tem um noção artístico que norteia a decoração. Há ainda sete bangalôs com vista privilegiada para os vinhedos da empresa, que se estendem por 4.500 hectares. Por óbvio, a degustação de vinho é um dos atrativos da região, e o visitante logo aprende que essa bebida é um encontro da ciência com a arte.

Tal uma vez que o conhecimento científico, vinhos demandam rigor e método. Eles são altamente sensíveis, de modo que elementos uma vez que temperatura, a madeira do barril onde são armazenados e até a taça na qual são servidos influenciam seu sabor final. É arte na medida em que expressam ideias e abstrações.

“O sabor de um vinho pode ser comparado a bandas de rock”, diz Myriam Parra, gerente de informação dos vinhedos Vik. “Uns são uma vez que os Beatles, outros estão mais para Pink Floyd e tem aqueles que se parecem com os Rolling Stones.”

Os motivos para saber o Chile são tão variados quanto o estilo de seus vinhos. Tem proeza na neve, luxo nos hotéis e, simples, muito vinho na mesa. Assim fica fácil de entender por que o país andino tem conquistado os brasileiros.

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