São Paulo
O domingo de tarde era de sol poderoso em São Paulo, e mais de 500 pessoas se encontravam com barracas fechadas, cadeiras e o que um acampamento mandasse ter nas mãos. Ali, os swifters -como são carinhosamente chamados os fãs de Taylor Swift– começavam a ser guiados em filas para se posicionarem diante da bilheteria do Allianz Parque, a término de deixar mais organizada a dinâmica do início solene das vendas dos ingressos, que ocorre às 10h da manhã desta segunda-feira (12).
Um dos primeiros na fileira era Rian Feitosa, 19, que participava de um grupo de 29 pessoas da B2, a barraca número dois. É isso mesmo: 29 pessoas em uma única estrutura. Alguns dessa turma chegaram ainda em janeiro ao Allianz, quando começaram a se firmar os boatos de que a loira viria ao Brasil. Ali, ficou simples o primeiro esquema: em turnos, organizados, os fãs se revezaram em jornadas de 8h, em média. Teve gente que chegou a permanecer 30h, mas o grupo foi desmontando com o início da pré-venda. Os guerreiros que seguem ali são para ajudar outros que não conseguiram ingressos. Na B1, a formação era de 45 pessoas.
Para ir ao banheiro, o esquema é de rodízio. Um só pode ir quando outro estiver ali para segurar o lugar. Os toaletes usados pelos swifters ficam no Bourbon Shopping, colado ao Allianz, em uma pizzaria nas proximidades (que cobrava R$ 2 por uso); e uma filial do McDonald’s.
Lanchinhos trazidos de moradia ou verdadeiros farnéis ajudaram a segurar a vaga na hora da rafa, mas os estabelecimentos ao volta também faturaram. O revezamento salvou todos.
O maior perrengue para os fãs, no entanto, tem a ver com a segurança. Durante a noite, segundo alguns entrevistados, cambistas passavam ameaçando algumas barracas. “Eles foram tomando os lugares de pessoas que estavam há dias cá e pagavam moradores de rua, dando R$ 100 por dia e sustento”, conta Laura Guimarães, uma das fãs que estava ali desde sexta-feira (10), 14h.
Enquanto a reportagem esteve no Allianz Parque, foi provável provar o que a fã de Taylor havia denunciado. Cambistas espalhados entre os swifters, à espera de um lapso para tentar pegar frestas da fileira, organizada com grades de metal. Alguns, inclusive, pulavam por debaixo das estruturas, e os seguranças -que estavam na ponta da fila- não viam. Mesmo com os gritos dos fãs (“Olha cá! Tá furando a fileira!!”), pouco era feito.
Segundo relatos colhidos na fileira pelo F5, a madrugada reservou momentos de maior tensão para quem estava ali em procura do sonhado bilhete para o paraíso -no caso, para o show da diva-mor Taylor Swift. A estudante Larissa Pereira Dias, 21, e a vendedora Yara de Freitas Costa, contam que houve casos de celulares furtados altas horas da noite, num envolvente de grande hostilidade. “É a TheTretasTour”, define Yara, brincando com o nome “The Eras Tour”, turnê da cantora.
No meio da tarde, por volta das 15h, os fãs foram organizados para avançarem na fileira. Seguranças deram 250 senhas aos primeiros e informaram que os compradores, de veste, precisavam estar ali até às 18h. Depois, mudaram o transmitido dizendo que o tempo supremo era de 10 minutos. Questionada sobre as mudanças, uma das líderes da segurança disse exclusivamente que “segue ordens”. Depois colocar as 250 senhas diante das bilheterias, a previsão é de que os fãs seriam mantidos naquela logística até a segunda-feira.
As apresentações de Taylor Swift, em São Paulo, estão marcadas para os dias 25 e 26 de novembro, no Allianz Parque, em São Paulo.