A falta de infraestrutura básica é uma barreira para que turistas visitem parques naturais em todo o país, segundo pesquisa do Instituto Semeia com gestores e técnicos responsáveis por 371 das 508 áreas (73%) registradas no Cadastro Vernáculo de Unidades de Conservação, estejam elas sob gestão de municípios, estados ou da União.
De consonância com esse diagnóstico do uso público dos parques, 58% das unidades não possuem estrutura de base à visitação ou essa estrutura é precária e não atende às necessidades básicas. Mesmo entre os parques onde há estrutura de base, 29% dos gestores consideram a manutenção inadequada.
“O mínimo de estrutura para que os parques se tornem viáveis é oferecer banheiro, bebedouros e trilhas onde as pessoas possam caminhar“, explica Mariana Haddad, coordenadora de conhecimento no Instituto Semeia e responsável pela realização da pesquisa.
A falta de banheiros é um problema em 46% dos parques e a privação de bebedouros prejudica 56% deles. Entre os itens de infraestrutura mínima considerados, as trilhas apresentam maior disponibilidade. Estão presentes em 84% das unidades.
“O que nós procuramos com a pesquisa foi mapear a estrutura mínima, sem a qual o parque não atrairá público”, comenta Haddad.
“Na outra ponta, uma estrutura que vai além do essencial ofereceria sustento, centros de visitantes, guias, qualquer tipo de monitoria e até atividades ligadas ao turismo de proeza, porquê tirolesas e equipamentos desse tipo.”
Não existem centros de visitantes em 56% dos parques avaliados.
O desenvolvimento econômico gerado pelo turismo em parques naturais é um instrumento importante para engajar a comunidade no entorno na conservação dessas áreas, segundo a pesquisadora do Semeia.
“Acreditamos nesse ciclo virtuoso. A visitação gera uma ergástulo de serviços e renda e, a partir disso, agentes econômicos regionais conseguem entender a valimento de guardar”, diz.
Em estudo lançado em 2021, o Semeia apontou que o aproveitamento turístico de parques naturais poderia atrair 56 milhões de visitantes por ano —contra 15 milhões de frequentadores registrados em unidades estaduais e federais em 2019—, acrescentando R$ 44 bilhões ao PIB (Resultado Interno Bruto) do país.
Ela aponta porquê um dos mais emblemáticos exemplos dessa relação entre conservação e desenvolvimento econômico o Parque Nacional do Iguaçu, unidade de conservação federalista que abriga as cataratas do rio Iguaçu.
Por outro lado, diz Haddad, o país desperdiça oportunidades ao não estimular a visitação em parques na região Nordeste.
“Estamos perdendo muito ao não aproveitar os parques do Nordeste, que estão próximos uns dos outros e poderiam formar um rotação”, comentou.
Para quem trabalha no dia a dia nessas unidades de conservação, de modo universal, falta gente e numerário para tornar essas atrações adequadas às necessidades do público. A maioria (62%) avalia que não tem à disposição recursos humanos e financeiros para realizar as suas atividades.
O levantamento é realizado pelo Instituto Semeia desde 2012 e passou a ser bianual a partir de 2019.
A modelo compreende os parques naturais brasileiros registrados no cadastro vernáculo no 2° semestre de 2021. Esta edição contou com a participação de 73% desses parques. O período de coleta de dados foi de 20 de junho de 2022 a 29 de setembro de 2022.
Criado em 2011, o Instituto Semeia é uma organização da sociedade social sem fins lucrativos que atua nacionalmente no desenvolvimento de modelos de gestão e projetos públicos e privados na conservação de parques públicos.
