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Quem está ganhando dinheiro com o turismo em Salvador? – 29/03/2024 – Guia Negro

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Salvador é o sorte mais desejado do Brasil, segundo o Ministério do Turismo, o melhor sorte criativo, de contrato com o Creative Tourism Network, e está entre os destinos mais procurados em 2024 no Airbnb. O turismo é, sem incerteza, uma força motriz da economia da capital baiana, que faz natalício hoje (29/3), e virou a queridinha entre os viajantes, mas quem está ganhando numerário no setor?

A cidade soma 83% da população negra, no entanto, o poder econômico e político ainda está nas mãos da minoria branca. Isso faz com que a maior segmento da rede hoteleira, das agências de turismo, das empresas de logística, dos restaurantes, lojas de souvenirs, entre outros, ainda sejam de empresários brancos que ganham a maior segmento da grana investida pelos turistas.

O Salvador Capital Afro, programa da prefeitura com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que tem uma vez que meta posicionar a cidade uma vez que sorte afroreferenciado não mudou essa veras. Ao invés de capacitar terreiros, quilombos, blocos afros e outros equipamentos culturais e políticos para receber turistas, concentrou verbas nas mesmas empresas de pessoas brancas que costumam lucrar os editais na cidade, como já apontamos aqui.

Isso significa que mesmo na cidade com maior percentual de negros do Brasil, nem sempre o numerário de quem vai conhecê-la chega na mão de pessoas negras. Branco, o secretário de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho, se mostra coligado da tarifa ao questionar em suas falas que “se turismo em Salvador é cultura e a cultura de Salvador é negra, quão injusto é o roupa das pessoas negras não se beneficiem economicamente do turismo e da cultura”.

De contrato com Tourinho, a proposta da prefeitura é dar um passo além da representatividade em direção à prosperidade. “Se nós não conseguirmos colocar o protagonismo não só representativo, mas também econômico de Salvador estaremos somente repetindo uma fórmula antiga de exploração colonial às camadas mais pobres da sociedade, coligado ao grande transgressão dos últimos séculos que é o racismo. Toda nossa ação para de ao expor ‘Salvador Capital Afro’ é uma estratégia de turismo, estratégia cultural, mas também de reparação”.

Se as ações do poder público parecem ainda não surtir efeito no dia a dia da cidade, uma vez que você turista pode principiar a mudar essa veras? O manifesto do Guia Negro lembra que turismo é escolha e que você pode e deve privilegiar negócios de pessoas negras, mulheres, LGBTs e com deficiência e que seu consumo fará diferença para esses comércios locais e será retribuído com afeto e experiências únicas, alguma coisa que o afroturismo é profissional em proporcionar.

Salvador é considerada a “meca negra“, um lugar ao qual todas as pessoas negras devem visitar e, segundo dados do Observatório do Turismo de Salvador, que faz pesquisas por amostragens, os turistas negros representaram 64,8% dos visitantes da capital baiana em 2023.

Overtourism x moradores

Neste 2024 o carnaval foi mais cedo, praticamente emendado à Sarau de Iemanjá, em 2 de fevereiro, outro evento que atrai milhares de turistas, fazendo com que o verão fosse mais pequeno e completo. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da cidade estimou em dezembro que Salvador receberia tapume de 3,4 milhões de pessoas entre os meses de dezembro e março deste ano (subida de 16% quando comparado ao mesmo período de 2022), movimentando quase 5 bilhões na economia lugar.

Enquanto aparece no topo da lista de desejos para viagens, Salvador é a capital com os piores índices de taxa de pobreza, violência, renda e desemprego, segundo dados do Planta das Desigualdades que analisou as 26 capitais de estados brasileiros, divulgado pelo ICS (Instituto Cidades Sustentáveis). Uma mostra que o numerário do turismo ainda não chega à todas as parcelas da população.

Outrossim, a capital baiana viveu dias em que o “overtoursim” (excesso de turistas) não trouxe benefícios, mas incômodo para moradores de bairros uma vez que o Santo Antônio Além do Carmo, no meio histórico. Por lá, foi generalidade ver ruas e bares abarrotados, preço dos carros que fazem corrida por aplicativo altíssimos e sujeira nas ruas.

Há ainda a gentrificação que tem deixado o valor de aluguéis, mantimentos e consumo bastante elevados afastando quem já morava na região antes do boom do turismo. O bairro perdeu 20% dos moradores nos últimos 10 anos, de contrato com dados do IBGE. A questão que fica e que devolvo para o leitor viajante é que tipo de turismo queremos fazer: exploratório e de consumo ou de cultura e troca direta?

De quem você está consumindo nesses lugares? São moradores locais, grandes redes ou negócios que somente ocupam um espaço sem se preocupar com o entorno? O ator e diretor Fabrício Boliveira, que é morador do Santo Antônio Além do Carmo, reforça a valor de consumir de pessoas do bairro para não incentivar a “ocupação desgovernada”. “É um saudação de não descaracterizar o bairro para servir turistas e não os moradores, que continuam ali quando eles vão embora. É preciso ter uma relação mais nivelado”, considera.

Para quem visitante, a dica do ator é, somado ao sota e consumo das viagens, fazer trocas para contribuir com a melhoria da cidade. Nesse sentido, também reforço que além da riqueza gastronômica, arquitetônica e litorânea, o maior diferencial de Salvador é mesmo sua cultura e história negra. Portanto, mais do que oração político, os protagonistas e beneficiários do turismo precisam ser as pessoas negras. Uma mudança urgente que seria um belo presente de natalício para a cidade.


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