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Projeto salva mais de 22 mil tartarugas e jabutis no AM – 13/12/2023 – Turismo

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Paul Clark é um sujeito teimoso. Nascido na Escócia, decidiu se mudar para Amazônia nos anos 1990, pouco posteriormente concluir a faculdade. Não satisfeito em mudar-se para a floresta, decidiu também que iria mudar A floresta com duas ferramentas: a educação e a preservação.

Na primeira vertente, criou o projeto VivAmazônia, que alfabetizou centenas de crianças locais e incutiu-lhe desde cedo a atenção com o lugar onde vivem. Na segunda, mirou nas tartarugas e outros quelônios locais e criou, em 2003, o Bicho de Casco.

A teoria era proteger os filhotes e findar com a pesca predatória dessas espécies de répteis, inibir o negócio e limitar o consumo dos animais —uma iguaria lugar— a umas poucas ocasiões em família.

Com a ajuda de outros voluntários e de líderes comunitários, Paul passou a recolher ovos das praias fluviais —os quelônios enterram seus ovos sob a areia—, protegê-los até que os filhotes nascessem e depois criassem forças, em cinco ou seis semanas, para conseguirem voltar ao rio.

Desde o início, foram mais de 22 milénio animais recolocados em seu habitat, e mais gente aderiu à teoria: Ruy Tone, da Katerre, passou a fornecer o transporte para toda a operação, além de participar da capacitação de voluntários, e o ICMBio se uniu ao resgate e zelo dos animais, além de monitorar a soltura, na suplente extrativista Inferior Rio Branco e Jauaperi, criada em 2018 no Amazonas e em Roraima.

Hoje são sete praias monitoradas e seis comunidades envolvidas. O projeto remunera os voluntários por cada tartaruga devolvida ao rio.

“Em toda a região, em toda a Amazônia, o tráfico de quelônios é uma grande preocupação. O ilícito é visível”, diz Leila Nápoles, gestora do ICMBio no Jauaperi. “Nós encontramos embarcações com 200, 300. É muito. E parece que nunca vai findar, mas acaba. Por isso que a gente incentiva os programas de manejo.”

Leila aponta a dificuldade em estabelecer o parecer deliberativo da suplente e riscar o projecto de manejo uma vez que obstáculos ao programa, que apoia atividades sustentáveis.

Mesmo assim, o progresso é concreto. Na expedição que a Folha acompanhou, foram sete solturas em três dias, com tapume de 400 animaizinhos em cada uma delas. São ações coordenadas por gente das próprias comunidades, uma vez que Divina, que assumiu a missão em Samaúma (RR) e agora ensina as filhas Letícia, 8, e Lília, 5, sobre a valor de guardar o lugar onde vivem.

Entre as espécies resgatadas estão a irapuca, a tracajá, a pequenina iaçá, a tartaruga amazônica e a cabeçuda, considerada a mais agressiva.

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