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Produção de vinhos cresce em SP e ganha selo de origem – 24/07/2023 – Turismo

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O tour na Vinícola Biagi, em Cravinhos —a 293 km de São Paulo— começa com um passeio pelo vinhedo e apresentação sobre a poda e a colheita das uvas italianas cultivadas desde 2020 no lugar.

A poda, um tanto que parece ordinário para quem não sabe o que ela significa na produção de vinhos, porém, é o principal sigilo para uma quinta localizada numa região quente uma vez que a de Ribeirão Preto produzir uvas de qualidade. É, também, responsável pelo possante crescimento no total de vinícolas no interior paulista. Tanto que produtores estão desenvolvendo o selo Wines of São Paulo para realçar os chamados vinhos de inverno produzidos no estado.

Já são ao menos oito as vinícolas produzindo e outras 25 em desenvolvimento somente no interno de São Paulo, graças à chamada dupla poda, também conhecida uma vez que poda invertida ou de inverno. Três delas, a de Cravinhos incluída, produzem vinhos a partir de uvas italianas, num mercado hoje submetido por variedades francesas.

A produção em uma das vinícolas já atinge 70 milénio garrafas por safra, graças à técnica desenvolvida na Epamig (empresa de pesquisa mineira) que consiste em transferir a colheita do verão, uma vez que ocorria até logo, para o inverno, com o objetivo de “enganar” a vegetal.

Essa transferência, aliada à amplitude térmica (diferença, em graus, entre a temperatura mínima de um dia e a máxima) e ao manejo, proporcionou o surgimento de vinícolas uma vez que a Biagi, do empresário Luiz Biagi, articulador do movimento.

“A história do vinho no Brasil vai mudar. Nenhum brasílio hoje entra numa loja de vinhos procurando vinhos brasileiros, a não ser espumante, em que o país tem uma qualificação extraordinária. Mas o sistema de dupla poda trouxe a possibilidade de produzir uvas com muito mais qualidade”, diz.

É um setor que cresce de forma tão acelerada –Biagi produz em 12 hectares e quer chegar a 20– que, conforme dados da Anprovin (Associação Vernáculo de Produtores de Vinho de Inverno), criada em 2016, já são produzidos 488 milénio litros de vinho por ano, que resultam em 651 milénio garrafas. Para conseguir vaga para visitar Cravinhos, é preciso reservar com boa antecedência.

A produção, segundo a Anprovin, está concentrada em 318 hectares (dimensão equivalente a 445 campos de futebol) e reúne marcas premiadas uma vez que Maria Maria, de Boa Esperança (MG) –que desde 2009 cultiva videiras que hoje passam de 20 hectares, com foco na dupla poda– e Moradia Verrone, de Itobi (SP). Entre as associadas há ainda vinícolas do Província Federalista, Bahia, Goiás e Mato Grosso.

A técnica da dupla poda é utilizada também por outras vinícolas paulistas, uma vez que a Góes, em São Roque, que recebe em média 500 milénio visitantes por ano. A empresa, que produz 12 milhões de litros de vinho anuais, informou que começou a gerar bons resultados na colheita de inverno em 2011, na primeira safra utilizando a técnica da dupla poda.

Com a colheita no inverno –julho e agosto–, o período de maturação da uva ocorre em dias ensolarados, com noites frescas e solo sequioso. O cenário é indicado por pesquisadores uma vez que fundamental para a qualidade dos vinhos produzidos no interno.

Na centenária quinta em Cravinhos, que deu nome à cidade, o roteiro inclui também harmonização e degustação de quatro tipos de vinhos, em um fidedigno tour enogastronômico. As refeições servidas no lugar são assinadas pela chef Beatriz Nomellini com a maioria dos ingredientes oriundos da própria quinta.

A osteria foi ocasião ao público em fevereiro e tem agenda lotada. No início de junho, o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Jorge Lima, esteve no lugar e também em São Roque.

Na vinícola de Biagi, ele disse que a proposta é incentivar a produção dos vinhos de forma acoplada a um programa turístico no estado, que deverá ser lançado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Já em São Roque, citou que há 20 vinícolas paulistas premiadas internacionalmente e que há capacidade para montar um polo similar ao existente no Sul do país.

“O visitante percebe que a uva [de inverno] tem muito mais qualidade, é sadia, com texto de açúcar muito maior e, consequentemente, gera um vinho muito melhor”, diz Biagi.

Produtores apostam no enoturismo em fazendas centenárias

As uvas italianas cultivadas em Cravinhos, sangiovese e nebbiolo entre elas, são oriundas da vinícola Marchese di Ivrea, de Ituverava, que tem 16 anos e surgiu numa dimensão que no pretérito já abrigou algodão, soja, milho, cana e moca.

Proprietário da vinícola, o empresário Luis Roberto Lorenzato, ex-deputado italiano pelo partido Liga Setentrião, disse ter a pretensão de, ao lado de Biagi e outros vitivinicultores paulistas, estancar uma região que vai de Campinas a Uberlândia, distantes murado de 500 quilômetros.

“Temos vinhos de qualidade, premiados. Uma vez que o vinho vernáculo estava muito defasado em relação ao importado, a proposta é usar a indústria de São Paulo, a pujança, para refletir no mundo do vinho. São Paulo é o maior mercado consumidor do Brasil, e acredito muito que o orgulho paulista dará credenciais para isso”, disse.

Na Marchese di Ivrea, que abriga um casarão de 1889, a teoria de produzir uvas surgiu devido a uma sarau junina. Lorenzato convidou amigos para um evento noturno , mas cancelou em seguida a temperatura desabar a 5ºC numa noite de junho. Transformou a sarau noturna num almoço no dia seguinte, quando o termômetro já marcava 25ºC.

“Eram noites frias, dias quentes e zero chuva. Se na Itália há regiões em que a temperatura passa de 45ºC e produzem uvas, cá também seria verosímil. A uva gosta de calor também —a história de que ela necessita de indiferente é um mito”, disse.

A visitante guiada ao lugar com 12 hectares, que ocorre aos sábados e, em períodos especiais, em dois horários, atrai em média 70 milénio pessoas por ano. Ela começa com explicações gerais numa dimensão que já funcionou uma vez que haras e, em seguida, os turistas são levados ao campo, onde conhecem as técnicas usadas e recebem explicações sobre o terroir e o processo de colheita das uvas.

Em seguida, com o sommelier Jovaniel Oliveira, 35, descobrem uma vez que são os processos de esmagamento das uvas, levedação, filtragem e envase dos vinhos.

“Uma primeira colheita acontece em janeiro, em pleno verão brasílio, com muita chuva e muito sol. Essa uva é usada para vinhos brancos e espumantes. Depois, é feita uma poda drástica na videira, fica só a secção que chamamos de lira. Em fevereiro, ela entra em hibernação, num período em que ela tenta entender o que está acontecendo. Depois vem a floração, maturação e, em julho e agosto, a colheita”, disse o sommelier.

A hora mais aguardada nas duas vinícolas é a da degustação harmonizada. Em Ituverava, com queijos e embutidos, em que são feitos seis brindes, o último deles com o Arduino, destaque entre os vinhos produzidos no lugar.

Enquanto um tenor entoa clássicos italianos, os convidados também saboreiam bisteca à fiorentina e cordeiro. O roteiro custa R$ 198 por pessoa (bebidas à secção, exceto na degustação).

Em sua 14ª safra, Lorenzato disse que há no mercado espaço para todas as 25 vinícolas em desenvolvimento e que isso fará com que o brasílio reduza a compra de vinhos argentinos e chilenos.

“Vai fortalecer o enoturismo e mostrar às pessoas o passo a passo para a produção de um vinho de vantagem. Elas entenderão que a qualidade é dissemelhante e valorizarão o resultado lugar, sem precisar ir para Chile, Argentina ou mesmo o Sul do país.”

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