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Procura-se o melhor bar do Brasil – 29/08/2023 – Cozinha Bruta

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O melhor bar do Brasil não é o mesmo para todo mundo –uma vez que ficou explícito nas listas publicadas, cá na Folha, no privativo O Melhor de São Paulo.

Não há sequer um estabelecimento presente em ambas as listas –uma feita por jurados, a outra apurada pelo instituto Datafolha em pesquisa com a população em universal. A minha lista pessoal (fui jurado de bares) não emplacou um mísero boteco na relação dos campeões.

E não há problema nisso, pois essa coisa de melhor e pior é sempre subjetiva.

Não abrirei meus votos, mas direi cá o que, para mim, deve ter no melhor bar do Brasil. Invisto no contextura vernáculo para não concorrer com o jornal que me abriga.

Um sábio chamado Preá, botafoguense todo prosa e morador de Copacabana, uma vez disse um pouco interessante: o melhor bar é o mais perto de vivenda ou do trabalho.

Aí lascou para mim.

O boteco mais perto de vivenda é muito, muito ruim. Não é daqueles tão ruins que até são bons, é ruim mesmo. Luz branca no talo, TV no talo, um monte de mesa grudadinha em que os trabalhadores devoram pratos comerciais meia-boca, charme zero.

Não tem uma vez que ser o meu bar predilecto. E trabalho em vivenda, portanto não tenho projecto B para esse quesito.

O postulado de Preá, todavia, não deve ser de todo descartado. Proximidade é muito importante. Bar é uma comodidade, uma extensão de vivenda, não pode permanecer longe demais. Dois ou três quilômetros, no supremo.

Meu melhor bar do Brasil precisa ter cerveja gelada, é inegociável. Os entendidos dizem que isso adormece o paladar, mas eu não dou a mínima.

Cerveja gelada, de preferência em garrafa grande, para compartilhar. E com camisinha, aquela envoltório térmica –sua carência denota mesquinhez imperdoável, incompatível com o espírito de boteco.

Eu disse boteco? Pois é, meu bar predileto é desses. Paladar de bares em que me sinto à vontade de bermuda e chinelo.

O fator humano tem muito peso. Não no sentido clássico de ver e ser visto, não para paquerar nem zero disso, já superei essas coisas –ou talvez elas tenham me superado.

Eu e dois amigos costumamos frequentar um boteco muito, muito simples, com uma fauna fascinante. Você chega, pede umas cervejas e, de repente, os tipos mais pitorescos vêm te abordar com as conversas mais surreais. Mais algumas cervejas, e todo mundo está cantando a plenos pulmões.

No dia seguinte, você acorda com dor de cabeça e uma incerteza: aquilo foi real? A acareação com os amigos indica que sim, mas não há uma vez que ter plena certeza.

O melhor bar não pode ser muito referto (zoneia o serviço), nem muito vazio (triste). Deve ser barato, mas oferecer qualidade. Precisa ter garçons simpáticos que não são inconvenientes.

Não ligo para coquetelaria, mas o consagrado do balcão precisa saber fazer caipirinha. Caipirinha ruim derruba um boteco (esse é um grande problema na maravilhosa cena de bares do Rio que, ou por outra, fica longe).

Um bom bar não deve ter televisão, mas admito exceções. Futebol num boteco caótico pode ser o pavio de situações estranhamente divertidas.

E, sim, tem a comida. Comida boa é sempre bom.

A faixa-bônus de um bar privativo é a saideira gratuito, muito valorizada pelo companheiro mineiro Lauro. Ele infernizava o garçom até arrancar-lhe, já de madrugada, uma rodada de chopes por conta da vivenda. Eu não insisto, mas peço. Quando cola, fico tão feliz que vou beijar a testa do chefia.

Sinto expor que ainda não encontrei um bar que perfaça todos esses pré-requisitos. Por isso, sou obrigado a continuar procurando. Difícil, viu?


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