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Por que a PM sempre ganha frango assado na padaria? – 01/08/2023 – Cozinha Bruta

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Todo sábado e todo domingo, a esquina do lado de vivenda enche de gente com um papelzinho de senha na mão, esperando a vez de pegar comida. Lá fica um talho que, aos fins de semana, vende churrasco, farofa, vinagrete e similares.

Junto com as pessoas, vêm seus carros. São picapes, SUVs, sedãs de luxo e a viatura da Polícia Militar. Não lacuna: os PMs sempre aparecem.

Ficam vários minutos, às vezes um par de horas, o coche parado e desobstruído, observando a situação com face de prisão de ventre. Enquanto isso, outros veículos bloqueiam a lajeada e estacionam no ponto de ônibus da rua transversal.

Uma vez interpelei um policial e lhe disse que aqueles carros estavam em lugar proibido. Ele não falou zero, mas seu olhar odiento transmitiu uma mensagem muito clara: “Porquê eu queria te dar uns sopapos e te levar recluso por desacato”.

Mas ele não podia. Não naquela situação. Eu sou branco e, apesar de molambento, estava simples que residia na região. Ele precisava de um desacato maior para me incorporar no camburão. Se eu insistisse em cobrar que fizessem seu trabalho, talvez lhe desse motivo. Não insisti. Não sou tão imbecil.

Enfim, os guardas vão embora com sacolas recheadas de músculos. É assim quase toda semana.

Quem nunca presenciou cena semelhante? O coche de polícia para em frente a uma panificação. Os meganhas trocam umas palavras com alguém no balcão, pegam um frango assado e vão embora.

Eu não acredito que seja roubo explícita.

Os comerciantes querem proteção privativo e por isso dão agrados aos policiais. Estes, sabendo disso, fazem a ronda dos estabelecimentos e ficam à toa, uma vez que se não quisessem zero, às vezes bicando um cafezinho.

É logo que funciona a segurança pública nos bairros ricos das cidades brasileiras. O negócio oferece salamaleques à polícia, que reforça a presença nessas áreas e tolera infrações de trânsito e outras. Nestes tempos, nenhum jovem branco vai recluso por fumar maconha em Perdizes ou em Pinheiros.

A lei parece ser dissemelhante nas favelas e periferias.

Porquê se viu nas chacinas do Guarujá e da Bahia, a polícia prossegue com a política de chegar atirando. As abordagens são feitas aos murros e pontapés.

As classes subida e média-alta silenciam. Muitos aplaudem. É para isso mesmo que eles dão frango assado para os gambés.


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