Existem pessoas tapadas o bastante para confiar que um chocolate superfaturado vai torná-las inteligentes. Interessante, não? É comprar um atestado de parvoíce e pendurá-lo na parede da sala uma vez que se fosse um diploma Nobel.
O tal do bombom se define uma vez que nootrópico –vocábulo que não consta no léxico e que eu vim a aprender nesta semana. Nootrópicos são drogas, fitoterápicos e vitualhas que pretensamente melhoram o desempenho intelectual.
Os fabricantes do guloseima em questão capricham na imodéstia: “Criamos o primeiro bombom do Brasil com ativos capazes de aumentar a sua capacidade cognitiva, metabolismo, robustez e foco”. Uia.
Para tanto, é só misturar dois tipos de cogumelos e mirtilos –”eles protegem seu cérebro do estresse oxidativo”–, cobri-los com chocolate belga 70% cacau e vender sete bombons por módicos R$ 90.
A corrida pelas chamadas “smart drugs” (literalmente, “drogas inteligentes”) começou com a demanda dos gênios do Vale do Silício.
No labor de superar o desempenho dos colegas de trabalho, ganhando mais numerário e poder, eles foram detrás de substâncias que os deixassem espertos e despertos –dormir é para perdedores.
Nunca nequice: onde há um otário em procura de soluções fantásticas, aparecem bandos de charlatães para vendê-las.
Isso se manifesta na comida com a oferta de alimentos “funcionais” ou “super vitualhas”. Prodígios que desempenham uma função específica –sempre benigna e no limiar de um milagre– no corpo do quidam que os ingere.
O autoengano vai da tradicional “banana previne cãibras”, que quase me fez vomitar no treino de natação, ao chocolate trabalhador de Einsteins em série.
Tem gente que crê no vinho tinto uma vez que proteção contra todos os males cardíacos. E não ouve o fígado pedindo arrego depois da enésima garrafa.
Tem gente que aposta no molho de tomate para espantar tumores na próstata. Não interessa se, na família, três gerações tiveram cancro prostático.
Bom, tem gente que acredita em entidades sobrenaturais uma vez que o brigadeiro funcional e a coxinha fit. Assim fica fácil lucrar numerário.
A crença em nutrientes superpoderosos é pensamento mágico que ignora a dificuldade da alimento. Que desdenha da preço da genética na saúde. Que despreza os efeitos de atividade física, sono, tabagismo, alcoolismo, todo o estilo de vida do bonitão que investe tudo no gingko biloba.
Basta um rolê no mercado para descobrir bebidas e vitualhas que prometem sarar ressaca, matar a TPM, turbinar o sistema imune e até proteger da calvície.
A legislação é enxurro de brechas que a indústria aproveita para exarar alegações absurdas nas embalagens.
Órgãos uma vez que o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) atormentam os espertalhões e ganham algumas batalhas. É alguma coisa uma vez que tentar recolher o lixo do oceano com uma rede de limpar piscina.
Os trouxas merecem ser enganados? Não sei, quem sou eu para julgar?
Ocorre que o estado existe, entre outras coisas, para proteger os idiotas de si mesmos.
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