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Médicos são demitidos da Santa Casa de SP – 23/05/2024 – Equilíbrio e Saúde

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Médicos da Santa Morada de São Paulo relatam terem sido demitidos, com a justificativa de namoro de gastos, depois que o hospital passou a utilizar a novidade Tabela SUS Paulista, que determina novos valores pagos para procedimentos cirúrgicos. Segundo eles, o hospital decidiu priorizar a permanência dos profissionais que realizam cirurgias em detrimento dos outros.

A mudança, aprovada pela Alesp (Câmara Legislativa de São Paulo), em agosto de 2023, prevê um complemento aos pagamentos de procedimentos hospitalares realizados em unidades privadas, com ou sem fins lucrativos, que prestam serviços pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Entre os que sofreram reajustes, estão as cirurgias de apêndice, tal qual valor passou de R$ 414,62 para R$ 1.865,79, e de vesícula (colecistectomia), de R$ 996,34 para R$ 4.483,53.

A Santa Casa de São Paulo tem uma dívida estimada em murado de R$ 400 milhões. A unidade realiza mais de 500 milénio atendimentos ambulatoriais, 230 milénio atendimentos de urgência e emergência e murado de 27 milénio cirurgias por ano.

Com a subtracção do quadro médico, a instituição suspendeu o reagendamento de consultas para algumas modalidades. O hospital é uma organização filantrópica privada que destina segmento dos atendimentos ao SUS. São encaminhados para lá casos raros ou graves que não tiveram diagnóstico fechado ou solução em outras instâncias da saúde pública.

Uma residente, que pediu para não ter o nome divulgado, conta que dois médicos da espaço em que atua já foram dispensados. O clima é de tensão, já que, em uma reunião realizada entre chefes das especialidades e outros funcionários na manhã desta quarta-feira (22), a epílogo foi de que as vagas nos ambulatórios —onde ocorrem as consultas com especialistas— diminuirão.

“Tenho a sensação de que isso é uma desarticulação do SUS, feita de cima para plebeu. A intenção de falar sobre isso é alertar a população, que é a maior prejudicada”, afirma.

O economista Murilo Viana, técnico em contas públicas, explica que, quando há aumento na tábua do SUS, a pressão financeira sobre os hospitais deveria diminuir, uma vez que estes recebem mais para ocultar os procedimentos. Apesar disso, a defasagem histórica de recursos na espaço pode fazer com que as instituições tenham prejuízos acumulados ao longo dos anos devido ao cimalha dispêndio de operação e à baixa transferência de recursos por segmento do poder público.

“O que pode estar acontecendo é, em vista da atualização dos muitos procedimentos do SUS, os hospitais estarem priorizando a contratação de médicos especialistas dos procedimentos e cirurgias contemplados pela atualização do valor”, diz o Viana.

Em relato à Folha, uma médica que foi demitida e não quis se identificar contou que as demissões começaram na primeira quinzena de maio. Os primeiros a serem cortados foram os profissionais com mais tempo de morada, com 40, 30 e 20 anos de serviço.

“Um deles, inclusive, estava no meio cirúrgico no momento em que o procuraram para avisar sobre a exoneração. Quando a pessoa do RH foi avisada sobre isso, ela disse que esperaria o procedimento terminar para que a conversa acontecesse”, afirmou.

Ela diz que recebeu a notícia quando estava no galeria, a caminho de uma lição que ministraria. No instituto também funciona a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Morada de São Paulo, onde a médica era professora. Antes de receber o ultimato, avisou que subiria para a classe e daria sua última lição, e foi o que fez.

“Eu acho que o grande problema vai ser um prejuízo gigantesco para a população. A Santa Morada, ainda mais na dermatologia, é um serviço de superioridade no Brasil. Muitos profissionais que trabalham cá são doutores, mestres, pessoas que dão lição em congressos. A gente trata pacientes graves, crianças que são continuamente internadas por doenças de pele”, diz a médica.

Na manhã de quarta-feira, a fileira para marcar consultas e exames no lugar era extensa, com espera de mais de 4 horas na maioria dos casos. Shirlene Galdina Silva, de 37 anos, chegou à Santa Morada às 8h. Com um problema crônico de tripa, ela frequenta a Santa Morada há 20 anos.

Segundo ela, o atendimento do hospital sempre foi magnífico, mas nos últimos meses tem encontrado dificuldade para marcar consultas com os especialistas. “Fiquei esperando desde a hora que cheguei até as 14h30, para me dizerem que não havia vaga para imunologia e nem previsão. É um descaso, não sei o que vou fazer”, afirmou.

Procurada, a Santa Morada afirmou que estão sendo feitas readequações internas nas agendas de consultas médicas ambulatoriais, sem prejuízo aos pacientes já agendados.

“Os agendamentos dos retornos foram temporariamente bloqueados devido à urgência desta reorganização, desta forma, estamos trabalhando intensamente para reabrir as vagas o mais breve verosímil. Ressaltamos que os demais procedimentos ambulatoriais, tais porquê, dialise, médio de infusão de quimioterapia e exames de diagnóstico se mantém inalterados”, diz.

Os agendamentos ambulatoriais serão programados em concórdia com os serviços contratados pela Secretaria Estadual de Saúde e o novo dimensionamento das equipes faz segmento da reorganização interna do Hospital, informou a instituição

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