São Paulo
As protagonistas eram a meiguinha Ruth e a inescrupulosa Raquel, irmãs gêmeas interpretadas por Gloria Pires em “Mulheres de Areia”. Orbitando ao volta das duas, havia um personagem próprio: Tonho da Lua, papel de Marcos Frota -20 anos antes, na TV Tupi, Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006) foi o responsável, também com grande sucesso, por dar vida ao estatuário de areia.
Tonho gerou empatia com seu jeitinho simples e ingênuo. Ele era portador de uma deficiência mental que foi agravada quando ainda era moço, posteriormente ter presenciado a morte do pai —ao longo dos capítulos da romance, que ganha nova reprise na Globo a partir do dia 26 deste mês, um de seus grandes desejos é lembrar o rosto dele para poder esculpi-lo.
Faz força, tenta buscar nos escaninhos da memória a fisionomia paterna, mas não consegue. Penaliza-se, dá tapas no próprio rosto, e assim vai cativando e comovendo os espectadores com seus dramas reais.
Havia ainda o paixão platônico por Ruth e o seu grude com uma bolsinha colorida, que carregava para cima e para inferior na fictícia cidade litorânea de Pontal D’Areia. Essa combinação de fatores, aliada à tocante versão do ator, fez com que o Brasil se apaixonasse por Da Lua. Em entrevista ao F5, Frota lembra com carinho do personagem. “O Tonho me ensinou o paixão incondicional. Ele é o mais rico, o mais lindo, o que faz você crescer”, diz.
Ansioso para ver a reação da novidade geração com a reprise da romance, Frota acredita que o personagem se tornou atemporal pela forma uma vez que conduz sua história. Muito mais que um pormenor do figurino, a bolsinha que Tonho carregava também marcou o público e expressa otimismo, de conformidade com o ator.
“Ela era colorida e os diretores ajudaram a transformar a bolsa em elemento de cena. Entendo que foi um momento mágico, vendo hoje. Procurei impregnar a história do Tonho com a minha alegria e gratidão de viver um momento bonito na TV”, conta ele, que passou por uma período difícil na vida pessoal no mesmo período em que gravava a romance. Sua esposa, Cibele Ferreira, morreu em um acidente de sege àquela quadra.
Já naqueles tempos a paixão pela atuação corria paralela à verdadeira fixação de Frota pelas artes circenses. Além de trapezista, ofício que surgiu em sua vida posteriormente atuar uma vez que um profissional desta superfície em “Cambalacho” (1986), o ator virou possessor de circo.
Na dez de 1990, lançou o Grande Circo Popular do Brasil e, hoje, segue na estrada com o Mirage Circus, que atualmente faz temporada em Porto Prazenteiro (RS). Ele acredita que o circo pátrio passa por bom momento, sem números envolvendo animais (“Se tornaram obsoletos”), e com mais apresentações de dança acrobática à la Cirque Du Soleil. “São dois milénio deles espalhados pelo país, todos com muito espaço. Uma novidade geração surgiu, o circo brasílio se reinventou e vive momento próspero”, comemora.