São Luís
No dia 1º de janeiro deste ano, Ivan Baron fez segmento do grupo que subiu a rampa do Palácio do Planalto ao lado do presidente Lula. O ativista potiguar, de unicamente 24 anos, representou as pessoas com deficiência, e também a comunidade LGBTQIA+. Baron já tinha quase meio milhão de seguidores no Instagram, mas, naquela tarde, se tornou divulgado nacionalmente.
“Eu furei várias bolhas que ainda existiam, e que dificultavam o meu trabalho”, contou ele ao F5 no São João da Thay, o evento beneficente organizado pela influenciadora Thaynara OG em São Luís (MA). “Falo sobre inclusão e sobre a luta anticapacitista, mas para um público muito fragmentado. Subindo aquela rampa, eu consegui atingir todas as camadas sociais, e dei visibilidade para os deficientes físicos. Nós somos a maior minoria de todas.”
Ivan, que foi convidado para a cerimônia de posse pela primeira-dama Janja, começou a militar na internet em 2018. “Eu não me via representado nas lutas pelos direitos humanos. Sempre que o movimento progressista ia falar, davam voz a alguém branco, hétero, cisgênero. Colocavam as pessoas com deficiência no lugar do “etc.”. Eu disse, não, gente, nós precisamos ser vistos.”
O influenciador nasceu sem nenhum tipo de deficiência, mas contraiu meningite aos três anos de idade. Uma das sequelas da doença foi a paralisia cerebral – que, apesar do que o nome sugere, não afeta as capacidades mentais, só as motoras.
Nesta quarta-feira (6), foi divulgado um vídeo em que nomes como Mateus Solano e Thiago Lacerda se dizem decepcionados com Lula, a quem apoiaram durante a campanha eleitoral, por justificação do verosímil desmanche de políticas ambientais.
Perguntado, Ivan Baron não declarou escora explícito aos artistas, mas defendeu o recta de criticar o presidente. “Na primeira entrevista que dei para um grande veículo de informação, eu já afirmei: ‘Olha, eu subi a rampa com o Lula. Mas eu não quero que essa subida seja unicamente representativa, unicamente um símbolo para ser usado em campanha eleitoral. Todos nós que subimos a rampa, representando minorias, devemos e podemos cobrar o presidente, sempre que nos sentirmos ofendidos ou ameaçados.”
“Lula derrotou o bolsonarismo. Foi uma tarefa de suma relevância. Mas a luta não acabou. A gente precisa continuar vigilante, para que nossos direitos sejam retomados e não mais perdidos.”
(O colunista viajou a invitação da organização do evento)