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Histórias com protagonismo negro começam a ser contadas – 07/07/2023 – Guia Negro

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Foram quase 400 anos em que os negros eram tratados uma vez que mercadoria e animalizados no período da escravização. Outros 100 em que nossa história estava escanteada e sistematicamente apagada pelo racismo estrutural. Mas há uma mudança em curso. Poderia ser classificada de “silenciosa”, mas o movimento preto se faz presente com seus gritos de ordem e tem mudado o rumo dessa narrativa.

As histórias negras começam, enfim, ser contadas uma vez que deveriam: com protagonismo. Só no mês de maio tivemos o pregão de três museus com foco na negritude. Em Salvador, o Museu Vernáculo da Cultura Afrobrasileira (Muhcab) receberá R$ 15 milhões da prefeitura para peroração do prédio e exposições.

No Rio, um museu sobre a diáspora africana deve ser construído até 2026, com investimentos do BNDES, na região do Cais do Valongo, porto que recebeu 1 milhão de pessoas escravizadas, o maior interino nas Américas. O Cais do Valongo é tombado uma vez que patrimônio da humanidade e receberá, enfim, obras de valorização, com placas de sinalização, guarda-corpo e iluminação.

Já em São Paulo, a Universidade Zumbi dos Palmares pretende transformar a antiga sede do Núcleo Paula Souza, no Bom Retiro, em Museu da História do Preto, com previsão de inauguração em 13 de maio de 2024. Todos os projetos precisam de indumento transpor do papel, mas mostram uma mudança de rumo nas histórias contadas em museus, uma vez que já ocorreu no Museu da Imigração, em São Paulo, ou no Museu de Arte do Rio, o MAR.

Há ainda os territórios em disputa, uma vez que é o caso do Movimento Saracura Vai-Vai, no Bixiga, em São Paulo, que luta para mudar o nome da futura estação da Risco Laranja do Metrô para Saracura Vai-Vai (nome do quilombo e da escola samba que funcionaram na região). O movimento pede ainda que as peças oriundas do quilombo encontradas nas obras sejam expostas na futura estação de metrô, além de um projeto de instrução patrimonial para disseminação da história.

Ainda na capital paulista, o Memorial dos Aflitos começa a lucrar corpo no Bairro da Liberdade lembrando o cemitério devotado a pessoas negras e indígenas que esteve presente na região nos séculos 18 e 19. O projeto arquitetônico vencedor, no entanto, encontra resistência da comunidade e do movimento preto, por mostrar falta de entendimento da prestígio e das complexidades do lugar.

Em São Luís, o bairro da Liberdade, maior quilombo urbano das américas, ganhou placas sinalizadoras, com QR Code, nos espaços culturais de visitação. e deve receber em breve uma médio de informação turística da prefeitura. A iniciativa já reflete numa melhora na autoestima dos moradores, além de uma novidade renda.

A capital maranhense acaba de viver seu auge, com as festas juninas, que incluem bumba meu boi, cacuriá e tambor de crioula, manifestações culturais da diáspora africana, tão ricas e tão pouco conhecidas fora de seu território. Mostra de que ainda vamos precisar deslindar e desejar vivenciar essas culturas negras.

Em Salvador, a sarau de 200 anos da independência em 2 de julho, que garantiu o termo do domínio português no território brasílico, teve mais visibilidade do que o rotina na mídia pátrio, com espaços de destaque em telejornais uma vez que Orbe Repórter e Fantástico, da TV Orbe.

Uma revolta popular liderada por mulheres uma vez que Maria Felipa, Joana Angélica e Maria Quitéria que contrapõe a narrativa do 7 de setembro de 1822, em que um varão branco gritou “independência ou morte” em terras paulistas, mas não garantiu a saída dos portugueses de todo o território brasílico.

Ainda são muitos os passos, histórias, personagens, manifestações culturais e lugares com protagonismo preto que precisam ser contados. Mas o importante é que esse jogo começou a virar. Nós temos pressa de ver o povo preto em destaque e chegou a hora de cobrarmos essa dívida histórica. As narrativas negras são urgentes e todos nós queremos saber mais, experenciar e racontar as histórias que não nos contaram.


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