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Feijoada às sextas, a heresia do governador carioca de SP – 09/06/2023 – Cozinha Bruta

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Pouco ou zero simpatizo com o atual governador de São Paulo, o carioca Tarcísio de Freitas (Republicanos). Milico, colega do filhote de Belzebu, padroeiro das pautas mais reacionárias da política.

Dito isto, preciso permitir que concordo com sua decisão de mudar, no restaurante do Palácio dos Bandeirantes, o dia da feijoada.

Até a gestão Tarcísio, o prato era oferecido a servidores e convidados nos almoços de quarta-feira –uma vez que é a tradição nos restaurantes paulistanos. O novo inquilino do palácio realocou a feijoada no cardápio das sextas, conforme o uso do Rio.

Uma sinapse de lé com cré basta para incluir a decisão no rol das cariocadas do governador paulista. Na conta da ignorância e do desdém pelos hábitos do estado que o elegeu.

Não é uma hipótese a se descartar. Mais provável, porém, é que o capitão Tarcísio tenha sido racional. Cariocas são mais racionais do que paulistanos no quesito feijoada.

Feijoada provoca o efeito jiboia: sua digestão ocupa muito do sangue que deveria irrigar o cérebro. Mesmo que você não jiboie, que você não tire a tarde para dormir, seu desempenho intelectual será prejudicado.

Menos mal que a lerdeza circunstancial ocorra na sexta, quando os motores do trabalho estão desacelerando.

Mas vá convencer disso um paulistano de ideias empedernidas.

São Paulo tem um uno roteiro semanal de pratos de almoço. Às segundas, virado à paulista. Terça-feira é dia de bife à rolê –antes era dobradinha, mas o nojinho a derrotou.

Na quarta, simples, a feijoada que se repete no sábado.

A quinta-feira é dia de massas: espaguete, nhoque, com músculos assada ou frango ensopado. E a semana se encerra com o peixe das sextas, cristão às pampas.

É uno porque todos os restaurantes comerciais repetem o roteiro de forma quase idêntica. Não vi um pouco assim em nenhuma outra cidade.

Um patrimônio cultural muito interessante, sem incerteza. Vira problema quando vira dogma.

Algumas tradições alimentares se tornam sagradas, irrefutáveis, e questioná-las se assemelha a uma heresia. Por que não manducar feijoada às quintas, sextas, domingos, segundas e terças?

O dogmatismo cevar do paulistano o aproxima do italianos. Na Itália, não existe cappuccino depois do meio-dia, e macarrão para seguir músculos é uma repulsão novo-mundista.

Em Roma ou Milão, porém, é absolutamente normal comer pizza de manhã cedo, no almoço, a qualquer hora. Não em São Paulo, onde a pizza é uma espécie de vampiro que não pode ver a luz do Sol.

Esse tipo de purismo só faz sentido na lógica de grupos que se fecham dentro das próprias manias. Ou seja, não faz sentido.

Mas voltemos à feijoada do governador. Sua ida para as sextas-feiras deixou uma vácuo no menu das quartas. E quem a preencheu? O virado à paulista das segundas.

Aí já é demais, Tarcisão. Sem esculacho, mermão. Só falta encolher um decreto obrigando as pizzarias a oferecer ketchup ao lado do óleo.


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