O estresse e a impaciência podem afetar o ciclo menstrual das mulheres, alterando características porquê a quantidade de dias e a intensidade do fluxo.
Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Morada de Misericórdia de São Paulo e membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), afirma que o estresse crônico, associado a uma série de problemas de saúde, também pode suscitar irregularidade menstrual.
“A sobrecarga de ansiedade e estresse gera mudanças no número de dias do ciclo menstrual, número de dias de mênstruo, fluxo menstrual, coloração e odor da mênstruo, além de alterações na libido”, diz Moraes.
Um estudo publicado na revista médica Fertility and Sterility, organizada pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, identificou uma relação entre altos níveis de estresse e um risco aumentado de anovulação (pouquidade de ovulação), o que pode levar a irregularidades menstruais e à infertilidade.
Segundo o ginecologista, as emoções estão relacionadas à mesma região do cérebro —o núcleo arqueado, localizado no hipotálamo— responsável pela produção e controle de hormônios que regulam o ciclo menstrual.
Quando o corpo é disposto sob pressão regular ou excessiva, ele secreta hormônios do estresse, porquê o cortisol, que altera os padrões de secreção de um hormônio chamado GnRH que, consequentemente, afeta a liberação de dois outros hormônios essenciais ao funcionamento ovariano e a ovulação: o luteinizante (LH) e o folículo excitante (também publicado porquê FSH).
“Quando os níveis de LH e FSH são baixos, os ovários podem não produzir estrogênio adequado para ocorrer a ovulação e, consequentemente, a mênstruo. Essas alterações no ciclo menstrual não resultam necessariamente na cessação totalidade do fluxo, podendo ocasionar desde o início do sangramento antes do esperado (ciclos mais curtos) até atrasos menstruais que duram meses”, conta Moraes.
De consonância com o médico, o tardança não acontece com quem faz uso de pílulas anticoncepcionais. “Isso porque elas fazem com que as mulheres tenham uma mênstruo sintético, ou seja, a mênstruo não acontece pelos hormônios naturais, mas pela ingestão de hormônios contidos na pílula, independentemente do funcionamento do ovário.”
Nesse contexto, quando há tardança ou pouquidade de mênstruo, a paciente deve fazer exames para ter certeza de que não está prenha.
Excluída a gravidez, é preciso considerar outros fatores que também podem atrasar ou até interromper a mênstruo, porquê distúrbios da tireoide, síndrome dos ovários policísticos e transtornos alimentares —que podem inibir a produção de certos hormônios e interferir no ciclo menstrual.
Moraes indica que a mulher acompanhe o seu ciclo menstrual anote datas, duração e outras características do fluxo durante três meses. Se os ciclos continuarem anormais, marque consulta com seu médico. Mas, se houver paragem totalidade da mênstruo, vá ao técnico antes desse período.
Em relação às alterações causadas pelos impactos no estado emocional, segundo a psicóloga Monica Machado, fundadora da Clínica Ame.C e pós-graduada em psicanálise e saúde mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, é crucial adotar estratégias de gerenciamento de estresse.
“O ideal é incluir atividades porquê exercícios físicos regulares, reflexão, ioga e terapia com um profissional de saúde mental. Muitas vezes, a mulher não consegue mourejar sozinha com um estresse crônico, que pode se prolongar e desencadear quadros mais graves de transtornos mentais, comprometendo não só o ciclo reprodutivo, mas diversas funções orgânicas”, afirma Machado.
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