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Em Perdizes, tem mais padaria artesanal do que Oxxo – 23/08/2024 – Cozinha Bruta

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Nem tudo em São Paulo é Oxxo.

Meu esquina de Perdizes passa por uma transformação radical às vésperas da chegada do metrô à rua Cardoso de Almeida.

Além dos Oxxos, brotam torres de studios, lofts e outros apartamentos instagramáveis, construídos para virar Airbnb ou lar de estudante rico da PUC. Há ainda os prédios que já vêm com uma loja do Oxxo no térreo.

Paralelamente, proliferam as padarias artesanais. Nos últimos três anos, abriram cinco delas numa extensão de cinco ou seis quadras, com a minha lar muito no meio. A sexta panificação está finalizando as obras para a inauguração.

Dá uma panificação artesanal por quadra, um assombro.

Quando mudei para o bairro, mais de 20 anos detrás, cá era um deserto de pães.

Tínhamos algumas daquelas padarias paulistanas à moda antiga, com doces na vitrine e sanduíches de metro e a placa ligada da preâmbulo ao fechamento. Algumas ainda funcionam, o que é bacana para o rolê social, mas em material de pão deixam muito a desejar.

Fomos, por anos e anos, reféns do pão de supermercado. É cômodo, porque está no mesmo lugar do detergente e do fardo de cerveja. Tem qualidade ordenado, pois por fim já chegam amassados e moldados de uma fábrica –à loja cabe unicamente assá-los.

Logo São Paulo entrou na vaga das padarias artesanais, levedação proveniente etc. etc. Por qualquer motivo, oriente lado de Perdizes foi totalmente ignorado pelo fenômeno.

Até a pandemia.

Não posso fincar, mas a febre do pão rendeiro no isolamento da Covid deve ter um tanto a ver com a transformação que veio a partir de 2021.

Primeiro abriu a Benas, num pequeno imóvel –quase sempre é num pequeno imóvel – da Itapicuru. Depois veio a P.A.C., num trecho da Turiassu já um pouco distante da minha lar.

No ano seguinte, na mesma Turiassu, a Roberta e o André abriram a Santú. A lar está na minha rota para o parque da Chuva Branca, portanto comecei a frequentar.

Os doces são um esculacho –meu rebento inventou um ritual que me obriga a lhe dar, toda quarta-feira de manhã, um folhado de creme com morangos.

Neste ano, a Virgínia e o Thiago montaram um ponto de venda para os pães que assam numa fábrica (adivinhação onde?) na Turiassu, na quadra da minha lar.

A Turiá é tão pequena que nem os donos cabem confortavelmente lá dentro. A dupla colocou banquinhos na passeio, divididos com o Ricardo, meu fígaro, vizinho de parede.

Sempre que desço para o Sacolão, eles estão por ali. Jogo um pouco de conversa fora e vou às compras.

O objecto, tanto na Turiá quanto na Santú, é a reforma que nunca acaba num sobrado da Monte Satisfeito. Sabe-se que será uma panificação e que os donos são de origem coreana. O resto é especulação.

Para espessar o caldo, o Luiz Américo, superstar da panificação, trouxe a fábrica do Na Janela para a Traipu, pertinho de todas as outras. O mundo dos pães está em polvorosa em Perdizes.

É a vida em comunidade que resiste na cidade oxxificada. Quanto à gentrificação que isso representa (não que Perdizes já tenha sido um bairro popular), o tema merece um texto à secção.


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