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Contexto ambiental tem forte influência na dependência de drogas, mostra estudo – 01/06/2023 – Equilíbrio e Saúde

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O contexto ambiental desempenha um papel fundamental na compulsão por drogas de afronta, funcionando porquê uma espécie de gatilho, revela um estudo que envolveu pesquisadores das universidades Federalista de São Paulo (Unifesp), Federalista do Espírito Santo (Ufes), Estadual de Santa Cruz (Uesc) e de Bristol (Inglaterra). O grupo analisou o comportamento e as estruturas cerebrais envolvidas no processo de subordinação por cocaína em protótipo bicho. Os resultados foram publicados recentemente na revista Biomedicines.

“Foi surpreendente ver a força do envolvente interferindo no contexto da subordinação, alguma coisa que, de conciliação com a literatura científica, acontece com diversas drogas com potencial de afronta, lícitas e ilícitas, porquê álcool e opioides”, diz Beatriz Monteiro Longo, professora de neurofisiologia da Unifesp e coordenadora do trabalho.

O estudo contou com escora da Fapesp por meio de dois projetos (22/10520-0 e 2022/00249-8) e acompanhou camundongos fêmeas (escolhidas pela maior suscetibilidade a drogas e pela resposta comportamental rápida, conforme estabelecido na literatura) em dois experimentos que envolviam a injeção de cocaína tanto nas gaiolas-moradia, onde os animais passavam a maior secção do tempo, quanto em um lugar neutro, chamado pelos cientistas de campo sincero.

As duas experiências seguiram a mesma rotina. Inicialmente, houve uma temporada de preparação, na qual, durante três dias consecutivos, todos os animais foram levados por dez minutos ao campo sincero para se habituarem. Ao final, sua atividade locomotora basal foi medida e eles foram distribuídos em três grupos.

Os animais do grupo que funcionou porquê controle receberam somente solução salina dentro de suas gaiolas-moradia, cinco minutos antes de serem levados ao campo sincero, onde permaneceram por dez minutos. Portanto, retornaram à moradia, onde, duas horas mais tarde, receberam novamente solução salina.

Para os animais do segundo grupo, foi administrada uma primeira injeção de cocaína durante a permanência no campo sincero e, em seguida duas horas, os animais receberam uma segunda injeção, mas de solução salina, em suas gaiolas-casa.

Ao terceiro grupo foi dada a primeira injeção de solução salina no campo sincero e a segunda injeção de cocaína nas gaiolas. Ou seja, os dois grupos que receberam cocaína tiveram o mesmo histórico farmacológico (receberam a mesma droga na mesma ração), sendo que um grupo associava os efeitos psicoestimulantes da cocaína com o envolvente (campo sincero) e o outro, não.

A mediação foi feita a cada dois dias, durante duas semanas, tempo suficiente para o desenvolvimento da subordinação, que foi observada por uma resposta comportamental progressiva e persistente de hiperlocomoção.

No primeiro experimento, a atividade locomotora dos animais voltou a ser avaliada no último dia de tratamento. O grupo que recebeu cocaína de forma pareada ao campo sincero apresentou aumento significativo na atividade locomotora quando comparado ao grupo-controle e a ele mesmo no primeiro dia de injeção.

No segundo experimento, depois de todo o procedimento, os camundongos foram mantidos por dez dias em suas gaiolas sem receber substâncias para, portanto, serem ali desafiados com cocaína e, na sequência, serem expostos ao campo sincero por dez minutos.

Uma vez que esperado, os dois grupos que haviam recebido a droga apresentaram aumento na atividade locomotora. Porém, no grupo injetado com cocaína no campo sincero, a movimentação foi ainda mais intensa. Segundo os pesquisadores, essa embrulhada retrata o efeito farmacológico da droga, que se soma ao efeito do envolvente na temporada de sentença da subordinação, que mimetizaria o libido compulsivo pela droga em humanos quando o vício já está estabelecido.

“Para entendermos o que isso significa em seres humanos, basta pensar na pessoa que sempre bebe em determinado barzinho e, quando passa na frente dele, imediatamente sente vontade de entrar e tomar uma cerveja”, exemplifica Longo.

O que acontece no cérebro

Para escoltar porquê cada lanço do desenvolvimento da subordinação funciona os cientistas analisaram, além do comportamento, as diferentes estruturas encefálicas dos animais dos três grupos por meio da quantificação da proteína c-Fos, que funciona porquê um marcador da atividade neuronal e regulador intracelular das alterações causadas pela cocaína. Nessa avaliação foi empregada uma inovadora estudo quantitativa de imagens 3D, conhecida porquê estereologia. Os cientistas constataram a ativação de áreas límbicas, relacionadas ao controle de emoções e comportamentos.

“Observamos ainda que as áreas cerebrais com atividades aumentadas são diferentes de uma temporada para a outra: na primeira [fase da indução], todas as áreas do sistema límbico investigadas [córtex pré-frontal dorsomedial, núcleo accumbens core, amígdala basolateral e área tegmental ventral] estavam mais ativadas, mostrando que essas estruturas seriam importantes para o desenvolvimento da subordinação; já na sentença da subordinação [vício cestabelecido], algumas não estavam expressas”, diz Renan Santos-Baldaia, doutor em farmacologia, professor da Universidade Nove de Julho (Uninove) e primeiro responsável do estudo.

Foi o caso da espaço tegmental ventral, importante para a liberação de dopamina, neurotransmissor ligado ao sistema de recompensa do cérebro, o que sugere que as áreas analisadas participam de forma distinta nas duas fases.

Tratamento e políticas públicas

Os resultados do estudo ajudam a mostrar possíveis caminhos para o tratamento da subordinação química. “Por conta de sua dificuldade, envolvendo inúmeras estruturas encefálicas, e do impacto que sofre do envolvente, modulá-la somente farmacologicamente talvez não seja a melhor selecção —atuar no envolvente, inclusive, talvez seja mais viável”, acredita Santos-Baldaia.

“Aliás, sabendo que o envolvente tem tanta influência no vício, será que a melhor opção para um dependente químico é isolá-lo da sociedade em uma clínica de reparação, que o tira do contexto, mas leva a uma chance de recaída muito grande no retorno ao envolvente anterior? Ou seria melhor, de alguma forma, substituir o prazer farmacológico?”

Nesse caso, o estudo acende um alerta importante para a urgência de políticas públicas que transformem ambientes sem oportunidades culturais e de lazer, porquê as periferias, por exemplo, para que o prazer farmacológico não seja a única opção.

O item Distinctive Neuroanatomic Regions Involved in Cocaine-Induced Behavioral Sensitization in Mice pode ser lido aqui.

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