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Conheça Cabaceiras, onde foram gravadas cenas de ‘Cangaço Novo’ – 31/10/2023 – 2023

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Quando o sol do sertão começa a se despedir do dia é hora de considerar o espetáculo. Por alguns minutos, a luz dourada banha a formação rochosa que nos remete a um cenário extraplanetário. Numa espaço aproximada de 1,5 km², parece que a natureza moldou um prato fundo virado para inferior. Sobre ele, ao menos uma centena de pedras de diferentes tamanhos. Umas mais altas, com murado de 4 m e até 9 m de profundeza, outras com formatos que lembram um penacho de boxe. Algumas podem tarar 45 toneladas. Arredondados, esses blocos de granito foram desgastados, polidos, pela ação da chuva e do vento ao sabor do tempo.

Estamos no Lajedo de Pai Mateus, na zona rústico da pequenina Cabaceiras, cidade no Cariri paraibano, com 5.335 habitantes. É a menor das 169 cidades visitadas pelos pesquisadores do Instituto Datafolha para realizar aquele que é considerado o maior estudo de recordação de marcas da América Latina, a Folha Top of Mind.

A grande quantidade de blocos assemelha-se a uma espécie de “mar de bolas”, porquê explica o guia Romero Alves de Farias, 39 anos, 16 deles conduzindo visitantes pela região. Isso no meio da caatinga nordestina. O nome do lugar é uma referência à mito de um eremita, chamado Pai Mateus, que por ali teria vivido no século 18. Ele ganhou renome graças aos seus poderes de curandeiro. Na gruta que lhe servia de morada, hoje ainda existe uma mesa de pedra e podem ser vistas inscrições no teto e nas paredes.

As formações rochosas são talvez o principal cartão-postal de Cabaceiras, mas não o único. A cidadezinha, a 78 km de Planura Grande e a respeito de 200 km da capital, João Pessoa, foi escolhida pelo Datafolha por ser uma localidade emblemática do sertão nordestino.

Ela situa-se numa região com um dos menores índices pluviométricos do país, o que resulta em boa luminosidade e permite mais tempo de filmagem por dia. Tais características, somadas ao patrimônio proveniente e a um meio histórico cinematográfico, deram a Cabaceiras o título de “Roliúde Nordestina”, porquê anuncia o letreiro instalado numa serra.

A cidade e os periferia já foram “set” de pelo menos 30 produções, entre filmes e séries. Talvez uma das melhores já produzidas pelo streaming brasiliano, “Cangaço Novo”, com oito episódios na Amazon Prime, teve cenas rodadas ali. Na TV oportunidade, outra supersérie de sucesso, “Onde Nascem os Fortes”, exibida pela Rede Mundo, em 2018, também aproveitou o cenário de Pai Mateus.

O pórtico na ingresso do município, em formato de película, já sinaliza a vocação de Cabaceiras. O charmoso centrinho, numa mistura de arquitetura neoclássica com um bocadinho de art déco, entrou para os clássicos no cinema.

Porquê em “O Auto da Compadecida“, adaptação de Guel Arraes da obra do plumitivo Ariano Suassuna (1927-2014).

Manuel Batista de Lima, 77, publicado porquê Manuel de João Preto, nascido e criado em Cabaceiras, trabalhou em quatro filmes, entre os quais o “Auto da Compadecida”. Ele conta que, no figurino, havia 1.500 pares de calçados e 1.500 peças de roupa. João Preto copiou o padrão da roupa de seu personagem, ao estilo Lampião, costurou a peça e a usa para tirar fotos ao lado de turistas. A espingarda é uma chamada “sovaqueira bate-bucha”, ele diz. O cinema, segundo suas palavras, trouxe tudo a Cabaceiras.

“O problema é que quase tudo é da mesma marca”, critica. “Falta variedade.”

Voga cangaceira é o que não falta no sertão. A indumentária foi confeccionada com pele de cabrão por Norberto Castro, 63, professor de história, artesão e guia. “Assim”, diz ele, “divulgo um pouco da história do cangaço e da cultura regional de Cabaceiras”. Ele lembra que, apesar de receber muitos turistas, sobretudo estrangeiros, a região tem muitos pontos onde a internet não pega. “Isso num lugar onde as pessoas querem fotografar e logo postar”, comenta. “As coisas precisam evoluir de conciliação com a urgência da sociedade.”

A cidade também é conhecida no sertão porquê a “capital do cabrão”. Desde o final dos anos 1990, Cabaceiras atrai gente de diferentes partes do Nordeste com sua Sarau do Cabrão Rei, que costuma suceder anualmente na primeira semana de junho e chega a atrair 50 milénio pessoas.

Nela, o cabrão é o rei, e a cabrita é a rainha. Nos três dias de sarau, brinda-se com uma bebida típica, chamada Xixi de Cabrita. O licor de leite de cabra, bagaceira e baunilha figura entre as “iguarias bodísticas” de Cabaceiras. Do lado gastronômico, há oferta de pratos tradicionais, porquê a “bodioca”, tapioca recheada de mesocarpo de cabrão, ou o “McBode”, hambúrguer de mesocarpo de cabrão.

“Basta caminhar pela zona rústico que você vai ouvir os sinos pendurados no pescoço dos animais que conduzem o quadrilha a pastar pela caatinga”, conta a turista Maria Aparecida da Silva, 63, aposentada, moradora de Pernambuco.

A Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, construída na primeira metade do século 18 porquê uma pequena capela, passou por reforma em 1833, quando teve a estrutura ampliada. É o ponto de paragem perfeito para, de tempos em tempos, considerar o vaivém de atores, diretores, visitantes e curiosos pelo povoado.

O audiovisual, sem incerteza, movimenta Cabaceiras, mas a caprinocultura é uma das principais atividades econômicas do Cariri, responsável pela produção tanto de mesocarpo quanto de pele.

“Comecei a ajudar o meu pai com seis anos de idade”, rememora José Carlos de Castro, 67, adiante da Arteza (Cooperativa de Trabalho dos Curtidores e Artesãos de Epiderme da Ribeira de Cabaceiras), que hoje concentra murado de 400 pessoas.

“Sou bisneto, neto e fruto de coureiro. Fazemos 23 milénio peças por mês”, gaba-se ele, que trabalha no região da Ribeira.

Desse totalidade, 80% são de pele de cabrão 20% de pele de carneiro e boi. “Cá, produzimos da roupa de pele para o vaqueiro à bolsa chique de shopping.”

Queixa-se da falta de um frigorífico na região. “O pele chega no sal para não apodrecer”, explica. Mas ele faz questão de expressar que todo o processo para retirar o excesso da substância é feito à base de minerais ou vegetais, para evitar a poluição dos córregos da região.

Ornamentado por uma vegetação rasteira, que se alterna entre galhos secos e um verdejante recatado, outro destaque da paisagem rústico fica a aproximadamente 20 km da espaço urbana. É mais uma formação rochosa, conhecida porquê Saca de Pelo.

A missão é seguir a trilha pelas rachaduras na rocha, chegar até o elevado e gritar com força, para ouvir o som repercutir entre as pedras e a vegetação da caatinga.

O nome deve-se ao formato gerado pelo desgaste da rocha, que lembra fardos de algodão empilhados. Há também quem enxergue um “fortaleza de blocos” e até quem jure que as pedras foram lapidadas à mão e colocadas ali uma por uma. Outros acreditam que aquilo é uma estátua feita para manter contato com extraterrestres.

Porquê estamos na terreno do cinema, mistério, misticismo ou simplesmente sonhar faz segmento da viagem.

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