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Como rappers surdos estão mudando a música – 02/08/2023 – Música

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Kelly Best – The Conversation


BBC News Brasil e The Conversation

Em abril de 2023, o DJ americano Supalee organizou o evento Supafest Reunion 2023 para festejar os artistas e promotores da comunidade surda dos Estados Unidos.


O evento contou com apresentações do artista de R&B e rapper Sho’Roc, da rapper Beautiful The Artist, do grupo Sunshine 2.0, dos DJs Key-Yo e Hear No Evil, além da tradutor da língua de sinais americana (ASL, na {sigla} em inglês) e ex-rapper Urso Polar, que agora atende pelo nome de Red Menace.

Muitos desses artistas, ativistas e empresários contribuíram para uma cena de hip hop cada vez maior dentro da comunidade surda, que inclui um subgênero do rap espargido porquê “dip hop”.

À medida que o hip hop celebra seu 50º natalício, cinco décadas de seu impacto cultural reverberam nos ambientes mainstream e underground.

O que teve origem no Bronx, em Nova York, pode agora ser encontrado um pouco por todo o mundo, assumindo novas formas à medida que evoluiu numa heterogeneidade de espaços e lugares, desde trap music e horrorcore até o spaza, um subgênero surgido na Cidade do Cabo, na África do Sul.

Dip hop é um dos muitos estilos de rap que se desenvolveram ao longo dos anos. Mas se destaca de outros subgêneros do hip hop porque os rappers criam rimas em línguas de sinais e músicas baseadas em suas experiências culturais na comunidade surda.

O NASCIMENTO DE UM MOVIMENTO MUSICAL

Uma vez que etnomusicóloga, acompanho o desenvolvimento do dip hop desde 2011, documentando porquê os rappers foram pioneiros nessa forma de arte enquanto apresentavam pessoas de fora, porquê eu, à cultura surda.

Em 2005, o rapper Warren “Wawa” Snipe criou o termo “DIP HOP” em ASL e em inglês para qualificar um estilo de rap em desenvolvimento na comunidade surda.

Embora os artistas desse estilo identifiquem sua música de maneiras diferentes —alguns usam rótulos porquê “deaf rap”, “deaf hip-hop” e “sign rap”— a designação dip hop vai além de somar um qualificador ao gênero músico mais largo de rap.

Em vez disso, indica um estilo independente fundamentado no hip hop e na cultura surda. Uma vez que bounce, trap e drill, o rótulo dip hop faz uma realce maior de ser uma variação do rap para um estilo fortemente situado na cultura surda e determinado pela estética surda.

De muitas maneiras, o dip hop seguiu uma trajetória não muito dissemelhante do hip hop.

No final dos anos 1990 e início dos anos 2000, DJs surdos e empresários do entretenimento organizaram festas DIY (Do it Yourself, ou faça você mesmo), eventos noturnos e reuniões sociais. Esses locais ofereceram oportunidades para rappers, DJs, dançarinos e outros artistas começarem a desenvolver e explorar seu próprio estilo de hip hop e se conectar com outros rappers e DJs.

Cidades com escolas para surdos serviram porquê centros culturais para networking músico. A Universidade Gallaudet em Washington, DC e o Instituto Técnico Vernáculo para Surdos em Rochester, Novidade York, têm atuado porquê importantes locais de produção nos Estados Unidos, conectando alunos surdos e com deficiência auditiva de todo o mundo.

Outrossim, maior aproximação à tecnologia de gravação, sites de streaming de vídeo e mídias sociais deram aos artistas surdos ferramentas para fabricar música e se conectar com outros artistas e fãs.

Embora a incorporação da linguagem de sinais seja um elemento fundamental do dip hop —e permaneça na vanguarda da definição desse estilo— o dip hop se estende muito além da geração de canções de rap originais em linguagem de sinais.

Ele envolve sentença músico que é moldada através do prisma cultural surdo —canções que reorientam as noções dominantes do que pode ser considerado música. Ao mesmo tempo, cada artista tem seu próprio estilo de rap, com performances de dip hop assumindo uma variedade de formas e estruturas diferentes.

Por exemplo, alguns artistas de dip hop trabalham com linguagens orais e manuais para tornar sua música conseguível a pessoas que ouvem. Há aqueles que tocam nos dois idiomas simultaneamente, e outros que pré-gravam sua tira vocal, que toca ao fundo enquanto eles fazem rap em língua de sinais.

Alguns artistas colaboram com intérpretes. Em “Vergiss mich nicht”, o artista Deaf Kat Night faz rap em língua de sinais alemã, enquanto as letras são interpretadas oralmente em teuto.

Depois, há aqueles que colaboram com DJs ouvintes ou surdos. “Breaking Barrels”, com DefStar, é unicamente uma das muitas colaborações entre Wawa e DJ Nicar.

As apresentações também podem envolver instrumentos musicais. Sean Forbes, por exemplo, se apresenta com uma filarmónica ao vivo enquanto também faz rap em ASL e inglês, uma abordagem vista em seu videoclipe “Calm Like a Bomb”.

Uma vez que selecção, existem rappers que criam música para o público surdo e fazem rap unicamente em línguas de sinais. Essas músicas, no entanto, ainda podem ter componentes auditivos, que geralmente consistem em artistas compondo suas próprias batidas ou aumentando o volume de músicas gravadas anteriormente para fazer rap.

Dip hop”, porquê muitos estilos de música, ganha vida por meio de apresentações ao vivo. Os artistas se movem pelo palco com as mãos voando no ar enquanto o público pulsa ao ritmo da batida do ordinário.

Alguns artistas mergulham ainda mais seu público na experiência músico usando instrumentos e equipamentos especializados, porquê “subwoofers”, objetos que podem conduzir vibrações porquê balões, ou novas formas de tecnologia háptica (tecnologias que um usuário experimenta por meio do sentido do tato).

Alguns artistas também incorporam recursos visuais em suas apresentações por meio do uso de telas de vídeo e luzes ativadas por som.

ENTRANDO NO ‘MAINSTREAM’

Os artistas do dip hop têm lutado para serem reconhecidos porquê músicos —para que sua arte seja o foco das atenções, em vez do indumento de serem surdos ou deficientes auditivos.

Isso está começando a mudar.

Em 2009, o rapper finlandês Marko “Signmark” Vuoriheimo assinou um contrato com a gravadora Warner Music Finland e lançou “Smells Like Victory” e “Speakerbox” no mesmo ano.

Foi a primeira vez na história que um artista surdo assinou contrato com uma grande gravadora.

No ano seguinte, o rapper de Detroit e ex-aluno do Instituto Técnico Vernáculo de Surdos, Sean Forbes, assinou um contrato com a WEB Entertainment e lançou o single “I’m Deaf”, atraindo a atenção popular para esse estilo de rap.

E com o pedestal da comunidade surda, aliados ouvintes e fãs, o EP da Forbes “Little Victories” alcançou o primeiro lugar na categoria hip hop no iTunes e chegou ao top 200 da paragem da Billboard em 2020.

No ano seguinte, o single LOUD de Wawa foi considerado uma das 20 melhores faixas de dança no iTunes.

Em 2022, Forbes e Wawa fizeram história novamente porquê os primeiros artistas da ASL em um show do pausa do Super Bowl, a final da liga de futebol americana.

À medida que o dip hop evolui, ele continua a ultrapassar os limites da convenção. No espírito do hip hop, o dip hop se rebela tanto músico quanto socialmente contra as normas culturais, quebrando paradigmas e expandindo as possibilidades para a arte músico.

Por meio de suas apresentações, os artistas do dip hop não unicamente subvertem noções preconcebidas sobre música, mas também sobre a cultura surda e a surdez, mudando o que significa a música ser ouvida.

*Katelyn Best é professora-Assistente de Ensino de Musicologia, na Universidade do Oeste da Virgínia (EUA)

Oriente cláusula foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado sob licença Creative Commons. Leia a versão original aqui.

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