As associações de pacientes de Cannabis medicinal transformaram-se em um porto seguro para doentes sem condições de remunerar pelo óleo industrial derivado da vegetal. Com a ajuda das mensalidades dos associados, as organizações extraem o óleo das flores da vegetal, usado para produzir o CBD (Canabidiol, substância derivada da vegetal). Mas usam um processo artesanal, muito criticado principalmente pelas empresas farmacêuticas, que, obrigadas a executar inúmeras exigências da Filial de Vigilância Sanitária (Anvisa), questionam a qualidade do resultado. Esse estigma está prestes a chegar ao termo, pelo menos na Abrace Esperança, na Paraíba, que é a primeira associação brasileira a inaugurar um laboratório regulado pela Anvisa.
“Não é porque somos uma associação que não temos condições de qualidade”, diz Cassiano Gomes, diretor executivo da Abrace. A construção do laboratório é o resultado de uma luta de mais de dois anos, motivada por uma exigência da Justiça para a perenidade dos trabalhos. A Abrace completou nesta sexta-feira, 19, a marca de 50 milénio associados. Metade deles consome um dos 16 produtos oferecidos, que custam de R$ 79 a R$ 620. Os preços variam de pacto com a concentração e o tipo de canabinóide. Com inauguração solene marcada para o termo do mês, a entidade deve receber a visitante de outras associações, que desejam seguir pelo mesmo caminho. Estima-se muro de 150 associações de pacientes espalhadas pelo país.
Capacidade produtiva aumenta em 10 vezes
O novo espaço conta, basicamente, com quatro setores chaves, todos gerenciados por farmacêuticos. Eles são divididos em produção, onde os óleos são fabricados; controle de qualidade, talhado à análises de todas as matérias-primas e do resultado final; logística industrial, responsável pela movimentação, desde a compra das matérias-primas qualificadas até a distribuição dos produtos acabados; e de garantia de qualidade, que fiscaliza toda a fabricação. “Esse último setor funciona porquê uma Anvisa dentro da própria instituição, pegando todas as normas, avaliando toda a legislação e aplicando nos demais setores”, diz Umberto Souza, gerente do laboratório. “Temos também novos equipamentos que aumentam a capacidade produtiva de 500 para 5 000 frascos de óleo. Esse é um salto muito significativo, dando condições de atender um número maior de associados”, acrescentou.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul inferior.