Se você não mora em Júpiter, deve saber quem é o “calvo do Campari”.
Expliquemos mesmo assim.
Um perceptível Thiago Schutz, que se autointitula “coach de masculinidade”, durante um podcast, usou a bebida como exemplo de resistência a uma suposta tentativa de dominação por segmento de mulheres opressoras.
Na hipotética situação, Schutz bebe Campari sossegado quando lhe ataca uma mulher oferecendo cerveja –em sua um tradução, isso coloca em teste a firmeza de caráter do varão.
A fala foi ridicularizada num vídeo da comediante Lívia La Gatto; Schutz reagiu com uma ameaça de resolver a questão na “projéctil”.
Foi aí que surgiu o sobrenome “calvo do Campari” para se referir a Thiago Schutz.
O incidente ocorreu há mais de dois meses. Até hoje, a maioria das menções à termo “Campari” no Twitter em língua portuguesa vem jocosamente acompanhada da sentença “calvo do”. O sarro com o coach também grassa nos perfis de aplicativos de relacionamento.
Essa é uma modelo de uma vez que um único tipo com ideias tortas pode promover estrago num trabalho de equipe de muitos anos.
O Campari (a bebida, não o grupo empresarial que detém dezenas de outras marcas) tem uma história interessantíssima de reconstrução de imagem.
Até alguns anos detrás, o líquido vermelho-vivo e doce-amargo era coisa de gente velha. Os executivos da Campari (o grupo) conseguiram não exclusivamente rejuvenescer a marca, mas também fabricar um auê mundial em torno do coquetel negroni –outro clássico da terceira idade.
Aí vem o calvo do Campari e deixa a marca associada a homens misóginos, violentos e pouco inteligentes.
Simples que a Campari vai sempre minimizar o dano à sua imagem, mas está óbvio que houve um rombo considerável. Tanto que, tão cedo as ameaças de Schutz se difundiram nas redes, a empresa fez questão de soltar um expedido solene para expressar que não tinha zero a ver com o coach/influenciador.
Uma pena. Eu palato bastante de Campari. Palato de cerveja também. Não palato de papo escroto de coach.
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