São Paulo
Em um acalorado debate no Saia Justa da semana passada, a advogada Gabriela Prioli e a apresentadora Astrid Fontenelle usaram seus melhores argumentos para proteger ideias totalmente divergentes sobre as festas de São João.
Astrid defendeu o evento tradicional —com forró, sanfona, quadrilha (“Estava tocando axé! Não dá”). Prioli logo rebateu: “Não dá para você”, disse ela, que afirmou não ver problema qualquer em eventos juninos com novidades musicais e alternativas modernas para trazer retorno financeiro.
Os números não mentem e provam que os brasileiros estão com Astrid. Eles também são refratários a modismos e invencionices nas festas de São João, porquê comprovam os dados do Ecad (Escritório Medial de Arrecadação e Distribuição) dos últimos dez anos.
De 2013 para cá, a melodia mais tocada é “Sarau na roça”, de Mario Zan e Palmeira, o clássico dos clássicos nas danças de quadrilha. Entre as cinco primeiras, de conciliação com o levantamento, ainda estão três de Luiz Gonzaga: “Olha Pro firmamento”, “Asa Branca” e “Pagode Russo”. Raiz até não poder mais; aceita, Prioli.
O rei do baião, inclusive, é o artista com maior número de músicas entre as 20 mais ouvidas nos meses de junho e julho de 2022, de conciliação com um levantamento feito ao F5 pelo YouTube.
Para Felipe Faraco, professor dos cursos de produção músico da Universidade Anhembi Morumbi, essa discussão sobre a “modernização” do repertório das festas juninas não deveria nem intercorrer —com todo o saudação aos outros ritmos.
“O lugar do sertanejo e do funk não é em festas juninas. Quando ocupam um lugar que não é delas, ocorrem as reclamações, o que é compreensível”, afirma. Estudioso de música brasileira na Universidade de São Paulo, Ivan Vilela detecta um sentimento de manutenção das tradições folclóricas neste movimento de preservação das músicas de São João.
“A sarau de São João é folclórica. A produção de músicas para arrasta-pé foi feita por Tonico e Tinoco e Luiz Gonzaga, por isso esse artista e outros, porquê Elba Ramalho, também são muito escutados na era. O funk e o sertanejo, por exemplo, não prevalecem porque não têm tradição”, diz.
RANKING ECAD
1. “Sarau Na Roça” – Palmeira / Mario Zan
2. “Olha Pro Firmamento – Gonzagão” / José Fernandes de Roble
3. “O Sanfoneiro Só Tocava Isso” – Haroldo Lobo / Geraldo Medeiros
4. “Asa Branca” – Gonzagão / Humberto Teixeira
5. “Pagode Russo” – João Silva / Gonzagão
6. “Eu Só Quero Um Xodó” – Anastácia / Dominguinhos
7. “O Xote das Meninas” – Zé Dantas / Gonzagão
8. “Esperando Na Janela” – Targino / Gondim / Raimundinho do Acordeón / Manuca Almeida
9. “São João Na Roça” – Zé Dantas / Gonzagão
10. “Queimação Sem Fuzil” – Gonzagão / José Marcolino
* A lista contempla as canções mais tocadas nas festas juninas de todo o país nos últimos dez anos.
RANKING YOUTUBE
1.”Isso Cá Tá Bom Demais” – Gonzaguinha
2. “Sarau Do Interno” – Elba Ramalho
3. “Naquele São João” – Virgílio
4. “Término de Sarau” / ” Polca Fogueteira” / “Lascando o Tubo” / “Fogueira de São João” – Luiz Gonzaga
5. “Verdadeira Quadrilha” – Inezita Barroso
6. “Esperando Ja Janela” – Giberto Gil
7. “Qui Nem Giló” – Inezita Barroso
8. “Aquí Tá Bom Demais” – Dominguinhos
9. “São João do Gonzagão” – Luiz Gonzaga
10. “Noite de São João” – Alceu Valença
*A lista contempla as canções mais tocadas na plataforma nos meses de junho e julho de 2022.