São Paulo
A se confirmarem os prognósticos, a final do BBB 23 (Globo), que terá seu resultado espargido na noite desta terça-feira (25), deve devotar Amanda Meirelles, 32, porquê a grande vencedora. A médica é a favorita a permanecer com o prêmio de R$ 2,88 milhões, que disputa com a cantora Aline Wirley, 41, e com a atriz Bruna Griphao, 24.
Ao contrário de suas oponentes, a paranaense era uma ilustre desconhecida até se tornar participante do reality show. Porém, ao longo da temporada, conquistou uma torcida aguerrida, que não a deixou passar apuros em nenhum dos quatro paredões que disputou.
São os “docshoes” (junção de partes das palavras médica e sapato em inglês), a torcida que —para o muito e para o mal— mais movimentou as redes sociais neste ano. Para quem acompanhou as temporadas anteriores, seria o equivalente aos “cactos”, que deram a vitória a Juliette no BBB 21, ou aos “pãezinhos”, que sagraram Arthur Aguiar vencedor do BBB 22.
Basta furar o Twitter para ver o quanto os fãs de Amanda engajam em cada Paredão, elevando diariamente hashtags, mesmo que ela não esteja envolvida diretamente na disputa. O F5 conversou com vários deles, e o que mais ouviu é que a médica é que “humana”, uma mulher insegura com seus erros e acertos.
Simone Ferrazini, 32, de Ribeirão Preto (SP), diz que ver a sister lidando com essas questões a ajudou a superar problemas de autoestima. “Sou uma mulher muito insegura e, quando eu comecei a acompanhá-la, eu mudei, voltei a me amar e me arrumar. Eu não me enxergava. Passei a ter mais paixão a mim e pela minha vida! Desde logo, tenho sido uma outra pessoa, uma pessoa melhor e, se eu percebo isso, quero que a Amanda perceba isso dela também”, conta a empresária, que é casada, mãe de dois filhos e faz questão de ajudar em mutirões de votação.
O perfil de quem participa ativamente dessas empreitadas é variado. É provável ver desde jovens com bastante tempo livre até mulheres com estrutura familiar consolidada. É o caso de Elizabeth Porter, 51, que mora há 25 anos nos Estados Unidos. “Achei ela engraçada e ligeiro. Depois vi uma clemência e empatia muito grande nela. E acho que o BBB é sobre isso”, afirma ela, que também ajuda nas votações, pois “não é uma torcida de robôs”.
Um dos perfis mais ativos nessa frente é o de Maria Cláudia Lima, 29, que criou a conta @suzzycomenta só para falar do reality show. Formada pela Universidade Federalista de Roraima, a jornalista e gestora de mídias sociais moradora de Boa Vista simpatizou com Amanda desde a primeira semana, graças a algumas frases engraçadas e por ela ter ajudado Cara de Sapato (o “shoe” de “docshoes”) durante algumas crises de impaciência.
“Ela jogou o BBB porquê xadrez, em movimentações mais silenciosas, ganhando tempo no jogo, combinado e articulando voto em grupos. Com erros, sim, mas de maneira respeitosa. Não seguindo o grupo quando foi necessário. E, ao ajudar o Sapato… Mesmo sendo médica, ela estava ali longe da profissão e mostrou humanidade e guarida”, aponta ela.
Ao contrário de outros “docshoes”, que gostariam que Amanda engatasse um romance com o lutador —o lutador acabou expulso do reality por importunação sexual—, Maria Cláudia diz que prefere que os dois tomem rumos diferentes nesse quesito. Dentro do próprio grupo, quem torce para que os amigos se tornem namorados é chamado de “renitência”.
COMÉDIA ROMÂNTICA
O quesito amoroso, aliás, é importante para entender o nepotismo de Amanda na final desta terça-feira —independentemente de com quem cada fã “shippa” a médica. Para boa segmento dos admiradores, ela tem uma personalidade que a aproxima de uma protagonista de comédia romântica, porquê “O Quotidiano de Bridget Jones” (2001).
É essa personagem que Jennifer Ann Koppe, profissional em notícia audiovisual pela PUC-PR e admiradora da médica, lembra ao descrevê-la. “Ela tem características de heroína de comédia romântica, e é um pouco proposital. É o tipo de cultura que ela consome, e ela brinca com isso, não tem problema nenhum. Ela sabe que é atrapalhada e não se encaixa sempre, e nós passamos muito por isso na vida”, avalia.
Some-se a isso o vestimenta de que Amanda, apesar de formosa, simpática e inteligente, não foi fim proferido de nenhum dos homens do elenco do programa. O próprio Rostro de Sapato, apesar da torcida, sempre disse que os dois são “melhores amigos”. Mesmo assim, muitos acreditam que a médica gostava, sim, do lutador. O típico enredo da mocinha que não é enxergada pelo mocinho, que só no final do filme é que percebe que os dois foram feitos um para o outro.
Para Jennifer, essa jornada se assemelha muito com a de novelas turcas, fenômeno recente do streaming, em que o parelha principal nem chega a dar um ósculo selando o relacionamento —porquê é o caso dos dois brothers. “Tem doramas também, que os adolescentes amam”, compara, referindo-se às séries de origem asiática.
“Tem uma história de paixão e amizade da Amanda e do Sapato que possui as mesmas características”, avalia. “Minha geração, de mulheres de 40, tem as comédias românticas, enquanto os mais novos vão para as novelas turcas. Acaba se moldando para todos.”
