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Bares com bebida à vontade criam a taxa do vômito – 13/10/2023 – Cozinha Bruta

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O título deste texto poderia ter sido feito na esteira da série de TV “Notícias Populares” —jornal em que trabalhei por quase dez anos e cultivei a verve escrotinha que mora no meu profundo até hoje.

Mas não. É a tradução livre de uma manchete do Washington Post, quotidiano que derrubou Richard Nixon, sério à beça.

Na Califórnia, restaurantes e bares passaram a multar em até US$ 150 os aloprados que vomitam à mesa no chamado “bottomless brunch”. Taxa para entupir danos ao patrimônio e à imagem da mansão.

Parece que o bottomless —literalmente, “sem fundo”— está na tendência no mundo branco rico. Quer proferir comida e/ou bebida à vontade.

Vi um monte de placas anunciando isso ou aquilo bottomless cá na Inglaterra.

Fui, semana passada, a Camden Town. É uma extensão do setentrião de Londres que já viu dias melhores.

Camden, seu via com barcos-casa, seus cafés e seus brechós tinham um tchan mútuo. Foi onde Amy Winehouse começou a cantar e a morrer.

Do espírito punk, sobrou só a imundície. Camden virou um fluxo incessante de turistas, pedintes, attenzione pickpocket e estabelecimentos que nem fazem questão de parecer bons.

Muitas dessas espeluncas anunciam promoções bottomless. Em universal, de margarita ‒drinque mexicano à base de tequila e limão. Ingerir margarita até tombar. Ou beijar o vaso sanitário, invitação irrecusável da tequila em excesso.

Gringos passam vexame quando caem no oba-oba, no ninguém-é-de-ninguém. Não estão acostumados, não é da cultura deles. Dão perda totalidade no rodízio de mesocarpo e precisam do SAMU depois do bufê de feijoada.

Nos restaurantes, eles estão habituados a sentar e pedir tudo de uma vez. Portanto comem, bebem e pegam a conta rapidinho, sem enrolar na mesa, para não atrapalhar os próximos clientes.

O concepção bottomless rompe essa lógica e pira o cabeção do anglo-saxão.

Uma vez que o vale-tudo nunca é vale-tuuuuudo (há sempre um pausa de tempo para o consumo dito intérmino), os caras entram no modo invasões bárbaras.

O brunch traz um componente suplementar de transgressão. Repasto diurna de sábados e domingos, é mais do que a fusão do moca da manhã (breakfast) com o almoço (lunch).

É um salvo-conduto para ingerir álcool antes do meio-dia, inadmissível em outras circunstâncias para cidadãos funcionais e produtivos.

Bloody mary, drinque de suco de tomate e vodca, é um pouco que americanos bebem tão-somente em situação de brunch. A mimosa, de espumante com suco de laranja, também.

Ingerir de manhã, permanecer inconveniente e passar mal na mesa antes do entardecer. Tem gringo que não consegue evitar.

Não creio que teríamos o mesmo problema no Brasil. Inventamos o rodízio de pizza, de mesocarpo, de sushi e de salgadinho de sarau infantil. Brasílio só passa mal em sarau open bar quando é muito mirim, 22 anos para reles (exceções confirmam a regra).

Cá a mesa precisa se preocupar com outro comportamento antissocial: encher a sacola de coxinha para viagem.


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