Início Turismo Argentina: Furtos de celular crescem em Buenos Aires – 26/07/2023 – Mundo

Argentina: Furtos de celular crescem em Buenos Aires – 26/07/2023 – Mundo

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18h30, hora da “merienda”, o tradicional moca da tarde em Buenos Aires. A brasileira Tatiana Rodrigues, 29, aproveita o wi-fi para trabalhar de uma das centenas de cafeterias da capital argentina quando entram dois meninos vendendo panos de prato. Ela não compra, mas dá um trocado às crianças, que agradecem, puxam a mercadoria de cima da mesa e saem pela porta apressadas.

O celular que estava ali? Sumiu. “Pensei ‘deve ser noia de brasileiro‘ e comecei a procurar o telefone na bolsa. Nisso já veio a garçonete e perguntou: levaram alguma coisa?”, relata a administradora, que ainda tentou, em vão, passar detrás dos garotos. Ali e na delegacia, o glosa foi o mesmo, alertando para o golpe cada vez mais generalidade nas áreas turísticas da capital —a mais segura da América Latina em termos de assassinatos.

Qualquer prateado já sabe que o aparelho deve permanecer fora de vista em restaurantes e bares. “Meus amigos, meus chefes, sempre falam para eu colocar dentro da bolsa quando estamos jantando”, conta Tatiana, que mora no país há oito meses e teve um sentimento generalidade entre brasileiros roubados no exterior. “Me senti uma tonta. Não acredito que vim do Brasil para ser furtada desse jeito cá”, diz ela, rindo.

Soledad Maldonado, 42, dona de um moca nos limites do bairro de Palermo, afirma que esse tipo de delito se expandiu à medida que as áreas mais turísticas também se estenderam. “Cá nessa região começou nos últimos anos. Antes se via mais em lugares tipo Palermo Soho, Recoleta”, comenta, acrescentando que já é rotina avisar aos estrangeiros para não relaxar demais, apesar do ar de cidade europeia.

“À la Brasil”, os portenhos também se acostumaram a evitar usar o celular na rua e a guardá-lo no bolso da frente em transportes públicos e multidões, conforme esse tipo de delito de menor porte foi crescendo junto com a piora da crise econômica. A inflação do país, que não para de subir e já ultrapassa os 115% anuais, faz o peso derreter e coloca uma parcela da população cada vez maior abaixo da linha da pobreza.

Nos últimos cinco anos, essa porcentagem subiu de 26% para 39%, entre os quais 8% são indigentes —ou seja, não têm renda suficiente para um nível mínimo de alimento. Os últimos dados do Indec (Instituto Pátrio de Estatística e Censos) são do segundo semestre de 2022, e as expectativas são de que tenham aumentado.

Nesse contexto, os furtos notificados na capital argentina tiveram um salto de 10% de 2019 para 2022, excluindo os anos de pandemia, de contrato com números do Ministério da Segurança. Foram 55 milénio delitos desse tipo no ano pretérito, metade do registrado pela cidade do Rio de Janeiro e um quarto do registrado em São Paulo (que não inclui na conta os furtos de veículos).

Considerando a diferença no tamanho das populações, a taxa de furtos por 100 milénio habitantes em Buenos Aires chega a superar a zero carioca, mas é mais baixa que a paulistana. É preciso, porém, levar em conta que os dados não são produzidos pelos mesmos órgãos e que a subnotificação nesse tipo de violação é grande, podendo ter mais peso em uma ou outra capital.

A portenha Gabriela López, 45, por exemplo, não foi à delegacia em nenhuma das três vezes em que levaram seu celular nos últimos quatro anos. A primeira delas ocorreu em meio à poviléu na marcha do orgulho LGBTQIA+, no meio. “Me surpreendi porque, naquela estação, era uma forma de roubo ‘inovadora’. Agora é muito generalidade, e todo mundo está mais prudente”, conta a professora de espanhol.

Já os outros furtos ocorreram em pontos de ônibus na mesma região, onde ficam pontos turísticos uma vez que a Lar Rosada, o teatro Colón e o Obelisco. A forma também foi outra bastante frequente na capital, pelos chamados “motochorros”: “moto”, de motoqueiros, e “chorros”, da gíria sítio para “ladrões”.

“Estava tirando uma selfie para mostrar à minha amiga uma vez que estava vestida para a sarau, uma vez que uma estúpida, e ele passou na contramão, pelas minhas costas”, conta ela, aos risos. Desde portanto, quando precisa mexer no celular por mais tempo na rua, a argentina costuma se recostar em alguma parede ou na ingresso de qualquer prédio.

Também ficou mais atenta em cafés depois que viu uma amiga tombar no mesmo golpe do vendedor de bolsas num restaurante em Palermo —região que concentrou o maior número de furtos da cidade (12%) em 2021, último ano com dados por bairros. Tempos depois, quando aconteceu de novo com sua mãe, já estava preparada para, num impulso, tirar as bolsas da mesa e evitar o pilhagem.

“Mas não é alguma coisa que eu me preocupe muito. Acho que vivemos em uma cidade supersegura e que o maior problema é a inópia e a pobreza. A instabilidade é mais real em algumas partes da região metropolitana de Buenos Aires, mas não nos bairros centrais da capital”, diz ela.

O governo da capital federalista argumenta o mesmo. Um cima funcionário do Ministério de Justiça e Segurança (o equivalente a uma secretaria do Província Federalista), que preferiu não se identificar, defende que o aumento de furtos não é alguma coisa que deva alvorotar os turistas e que Buenos Aires segue sendo extremamente segura, com homicídios e roubos armados batendo os menores níveis dos últimos anos.

Ele admite, porém, que esse tipo de delito não é fácil de resolver, porque muitas vezes a vítima não registra o caso ou porque ele ocorre em áreas sem câmeras. Também lembra que, além da pobreza, o próprio incremento do turismo, impulsionado pela desvalorização da moeda, pode ter proeminente o número desse violação.

A segurança é um tema que tem mexido com as eleições à Presidência argentina, cujas primárias ocorrem em agosto. “Quero uma Argentina onde as pessoas não tenham que pensar uma vez que evitar serem roubadas ou feridas”, disse no início do ano o dirigente do governo da capital, Horacio Larreta, ao anunciar novos investimentos na superfície. Ele concorre com Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança do país, pela coalizão de oposição.

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