Olhando ao volta, tudo o que se vê são picos de montanhas cobertos de neve, brancos, e o firmamento, azul. De tão perto, parece até que dá para conseguir o topo numa estirão. Observando com atenção, dá para ver pontinhos pretos deslizando nesses montes aquém.
Essa é a paisagem de Val Thorens, a estação de esqui mais subida da Europa. O multíplice fica a 2.300 m de altitude, com picos que chegam a 3.200 m, na região de Auvergne-Rhône-Alpes, na França. As principais rotas são pelos aeroportos de Lyon, a 220 km, ou Genebra, na Suíça, a 150 km.
Paraíso para entusiastas de esqui e snowboard, Val Thorens fica numa dimensão chamada Três Vales, que soma 600 km de pistas divididas em quatro níveis de dificuldade —é a maior dimensão do tipo no mundo.
Essas pistas podem ser acessadas por metade do ano, já que a temporada de esqui dura sete meses (de novembro a maio), o maior período da Europa, devido à altitude.
O resort foi projetado há 50 anos para receber esportistas experientes, mas também funciona para os novatos, que, com algumas aulas, saem deslizando pelas montanhas.
Há cinco escolas de esqui, com preços variados. Nesta região dos Alpes, o pacote de uma semana de aulas para adulto custa, em média, 200 euros (murado de R$ 1.069), fora o aluguel de equipamentos.
Murado de 70% dos turistas são de fora da França. Brasileiros são poucos: somente murado de 4.000 visitaram a estação na temporada 2022-2023, segundo números oficiais. A maioria fica no Club Med, resort de luxo all inclusive.
O público é formado por famílias, casais e jovens detrás dos esportes na neve e do agito do “après-ski”, tipo de happy hour. Para isso, a vila reúne bares, restaurantes e baladas, porquê o tradicional Malaysia.
O clube fica sob a neve e abre diariamente. Telões com luzes de LED no teto e nas paredes passam projeções que acompanham as músicas, selecionadas por DJs. O espaço recebe murado de 900 pessoas, com entradas a 10 euros (R$ 53).
Para quem prefere relaxar em seguida uma tarde sob baixas temperaturas, a vila oferece um leque de spas e hotéis com saunas e piscinas aquecidas.
A 95 km de Val Thorens fica outra estação fora da rota clássica e pouco explorada pelos brasileiros. Megève, no entanto, tem tudo para aprazer a quem curte destinos porquê Campos do Jordão e Gramado.
Com porte de cidade, ela foge do estilo esportivo e tem seu charme. Tranquila, conta com um meio histórico sitiado de construções em madeira, restaurantes, cafés, lojas de grife, spas e museus.
A região lista 227 pistas e duas das áreas de esqui são acessíveis pela vila, de onde é verosímil divisar o Mont Blanc, serra mais subida do país, a 4.809 metros de altitude.
As trilhas na neve, chamadas “snowshoeing”, são outro programa. Munido de um tipo de raquete encaixada no sapato e bastões de estirão, o visitante afunda o pé em neve fofa e percorre florestas com árvores salpicadas de branco, bases de montanhas e riachos. O objetivo é curtir a natureza e as vistas panorâmicas. O preço da excursão segmento de 30 euros (R$ 160) por pessoa.
Megève é a meca da gastronomia nos Alpes franceses. Reúne 135 restaurantes, três deles com estrelas Michelin, que servem a chamada cozinha de serra, regada a queijos e pães. Entre os locais está o Rústico, tocado pelo chef-celebridade Marc Veyrat.
Um meio termo entre as duas estações de esqui é Avoriaz, distante 70 km. A vila foi construída para receber quem pratica esportes na neve, mas tem arquitetura charmosa, em tons de marrom que se mesclam com a paisagem, e belos cenários. Da janela de qualquer hospedagem, é verosímil ter vista privilegiada do nascer ou pôr do sol.
Inaugurada há 58 anos, a estação fica a 1.800 metros de altitude e é pioneira porquê resort somente para pedestres. Os carros ficam em um estacionamento na ingresso. Pelas ruas nevadas, as pessoas se locomovem com charretes, trenós, esquis ou snowboards.
Ou até de bicicleta elétrica, um dos passeios oferecidos na região. A bike tem pneus mais grossos e um motor ajuda no impulso, mas é preciso ter força para pedalar no solo fofo. Os cenários compensam e a excursão percorre florestas e beiras de montanhas. Custa murado de 65 euros (R$ 347).
Para esquiar, há 50 pistas. Uma delas, de nível fácil, corta a pequena vila. Por ali ficam concentrados os restaurantes, bares, lojas e um cinema. Na hora do almoço, famílias com cachorros e grupos de jovens se reúnem em cadeiras espalhadas a firmamento crédulo.
Fica ao ar livre o principal point para o “après-ski”, a balada Folie Douce. Um DJ toca música eletrônica enquanto uma dupla no palco agita a galera, que deixa os equipamentos do lado de fora e dança com trajes esportivos.
A temporada de neve vai de dezembro a abril. Na viagem de retorno, Avoriaz fica a 90 km do aeroporto de Genebra, na Suíça, opção mais prática para pegar o voo de volta ao calor do Brasil.
A jornalista viajou a invitação da Atout France e da Air France