O perfil de Twitter CHOQUEI (confiabilidade zero, confesso que sigo) me aparece com a seguinte chamada outro dia: “BRASIL: Macarrão servido em taças vira tendência em restaurantes de massas”.
Obviamente, sem nenhum link para clicar.
Eu já tinha recebido dezenas de vezes o vídeo do tal macarrão na taça. Ignorei por semanas.
Ando sem paciência para esse tipo de bobagem gastronômica, de pirotecnia tosca para invocar atenção. De saco pleno do macarrão dentro do queijo, farto da taça de milkshake lambuzada por fora –somente para permanecer em macarrões e taças.
Mas os caras do CHOQUEI falavam em tendência no Brasil. Eu precisava verificar isso. Seriam eles tão picaretas a ponto de inventar uma coisa dessas?
Sim, seriam.
O macarrão servido na taça de vinho viralizou no mundo todo, mas os vídeos que circulam remetem quase sempre ao mesmo lugar: um restaurante chamado La Sicilia, em Gent, Bélgica.
Outras postagens mostram casais fazendo a pândega em morada (me enterrem vivo se houver um restaurante com um urso gigante de pelúcia sentado numa poltrona velha).
Não tem tendência coisa nenhuma. O que tem é falta de objecto, privação de teor e o piloto automático que replica coisas de sucesso na internet até o esgotamento inteiro.
E não é só o CHOQUEI, notório caça-níqueis das redes. O macarrão na taça aparece na prensa profissional uma vez que se fosse um pouco de veste. Uma emissora de TV reproduziu no estúdio o ritual de levantar a taça para a volume desabar no prato.
Não é brega, não é cafona. É absolutamente idiota.
Estou consciente de que o espertalhão cá também mordeu a isca.
Mas é o que temos para hoje. Tchau.
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