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O casal que foi viajar com R$ 67 e percorreu 11 mil km de bicicleta em 6 anos

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Djoe Rosa e Iris Magalhães pedalam, em média, 60 quilômetros por dia — e, por enquanto, não pensam em voltar ao modo de vida tradicional. O par que foi viajar com R$ 67 e percorreu 11 milénio km de bicicleta em 6 anos
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Ela era estudante de Arquitetura; ele, de Música. Mas ambos tinham uma paixão em generalidade: pedalar. Um hobby que logo viraria um projeto (e estilo) de vida.
A paulista Iris Magalhães e o gaúcho Djoe Rosa, ambos com 28 anos, já percorreram mais de 11 milénio quilômetros de bicicleta pelo Brasil em seis anos. Uma jornada sem previsão de volta, compartilhada em tempo real pelo par nas redes sociais.
Os dois se conheceram na Universidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, em 2016. E, antes de começarem a namorar, fizeram uma viagem de 40 dias de bicicleta pelo Uruguai.
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Quando voltaram para a faculdade, engataram o romance. Mas um tanto havia mudado dentro deles. O sentimento de pertencimento, segundo Iris, não era mais o mesmo.
“Parecia que a sala tinha ficado pequena, e percebi quão jovem eu era. Falei para o Djoe para irmos ao México de bicicleta. A gente começou a se organizar e amadureceu a teoria”, diz ela à BBC News Brasil.
Mas uma vez que viajar para outro país sem antes explorar o Brasil? Eles decidiram logo estrear a jornada em território vernáculo.
O projecto era trespassar do Sul, onde moravam, e explorar os seis biomas brasileiros.
“A gente, uma vez que brasílico, tinha a mesma visão estereotipada do Brasil e com preconceitos. Não contávamos que seria tão grande. É um país extremamente diverso.”
O par começou a se preparar financeiramente para a viagem vendendo brigadeiros na faculdade
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Para se preparar financeiramente para a empreitada, os dois começaram a vender brigadeiro na faculdade.
Antes de qualquer coisa, eles precisaram comprar bicicletas novas, uma vez que as que eles usavam para se locomover haviam sido roubadas no meio do processo.
“(Na) minha bicicleta, paguei R$ 50. É um padrão de 98, e é daquelas de comprar pão na esquina. Comprei de um camarada e fui montando com outras peças. No termo das contas, deve ter custado tudo uns R$ 700”, relembra Djoe.
Já Iris conseguiu uma bicicleta novidade por meio de doação. “Fiz um post no Facebook falando do roubo, e um colega me ofereceu. Fui ver a bicicleta e saí pedalando.”
Com as bicicletas novas em mãos, eles colocaram na balança o que seria mais importante para uma viagem longa e de insignificante dispêndio. Decidiram investir logo em uma boa barraca e em uma câmera de façanha barata para documentar a jornada.
Primeiros dias da viagem em Guaporé, no Rio Grande do Sul, em 2017
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Partida com R$ 67 no bolso
Em fevereiro de 2017, os dois deixaram a universidade para trás para embarcar na façanha.
Saíram de bicicleta de Pelotas, no Rio Grande do Sul, e foram subindo em direção à Serra Gaúcha, passando pelas regiões dos cânions, pelo litoral de Santa Catarina, até chegar a cidades do Sudeste.
Porquê grande secção do verba que eles juntaram havia sido usado na compra dos equipamentos e acessórios para a viagem, o par iniciou a jornada com pouco mais de R$ 50.
“Saí com R$ 17 no bolso, e a Iris, com R$ 50”, relembra Djoe.
Eles dizem que a quantia foi suficiente no início. Isso porque, para se capitalizar, os dois faziam apresentações de música nas cidades que paravam — Djoe no violão, e Iris no pandeiro.
O par investiu em uma boa barraca, fotografada cá enquanto acampavam em Trancoso, na Bahia, em 2022
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Naquela estação, seis anos detrás, eles contam que gastavam exclusivamente R$ 300 por mês — a despesa maior, segundo eles, era com sustento.
Isso só foi provável pelo modo de vida simples e minimalista que adotaram, dizem.
“A gente cozinha nossa própria comida. Dorme na extremo de rio, em postos de gasolina, faz voluntariado, fica hospedado na vivenda das pessoas”, afirma Iris.
Hoje, o gasto mensal do par aumentou — mas, de contrato com eles, as principais despesas continuam a ser com sustento e manutenção das bicicletas.
“Atualmente, gira em torno de R$ 1.500 a R$ 2.000 (por mês)”, afirmam.
Para se manter, além das apresentações musicais, o par já fez capinagem, ponta de garçom e vendeu brigadeiro.
Para poupar, eles costumam preparar sua própria comida — foto em Mogiquiçaba, na Bahia, em 2022
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Com o passar do tempo, eles viram premência de profissionalizar a produção audiovisual para as redes sociais. E decidiram investir em equipamentos novos.
“No prelúdios da viagem, a gente só tinha um celular velho da Iris e uma ‘Go Pobre’ (câmera de façanha barata)”, lembra Djoe.
Para isso, eles contam que trabalharam oito horas por dia em uma herdade em Brasília durante um mês.
Iris trabalhava uma vez que camareira no hotel da herdade, enquanto Djoe fazia serviços gerais na agrofloresta. Nos finais de semana, Djoe ainda tocava no restaurante da herdade, e os dois também faziam apresentações musicais em Brasília. Porquê tinham recta a sustento e moradia na herdade, dizem que o gasto deles era praticamente zero.
O par chegou a trabahar uma vez que voluntário em bioconstrução em Elevado Paraíso de Goiás em 2019
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Depois de juntar verba, foram até o Paraguai comprar câmeras mais modernas.
O investimento deu retorno. Desde 2020, eles ganham verba com o meio do Youtube, que começou a ser monetizado em seguida três anos de postagens.
Também promovem campanhas de financiamento coletivo e têm uma loja virtual na qual vendem adesivos e camisetas do projeto.
Dia a dia na estrada
Os desafios, no entanto, vão muito além da questão financeira. O par conta que ao se mudar pedala, em média, 60 quilômetros por dia — e é preciso ter muita disposição.
Para facilitar a jornada, eles utilizam equipamentos próprios para ciclismo.
“Usamos alforges, que são bolsas para bagagem. Não vai zero no nosso corpo, e isso facilita a distribuição do peso. É muito menos desgastante”, explica Djoe.
A sustento também é estratégica. Porquê são vegetarianos, eles investem em uma dieta rica em frutas e legumes.
E, para não carregar muito peso extra, contam que levam exclusivamente a quantidade necessária — além de adotar técnicas para evitar que a comida estrague.
“A gente carrega a comida em pedaços de panos para não açodar o processo de dissolução. Preparamos sanduíche com tomate, pasta de mendubi e, no termo do dia, a gente vai ao mercado e compra comida suficiente para viver uns dois dias.”
A segurança também é pensada cuidadosamente. Eles costumam dormir em postos de gasolina ou pedem para montar a barraca no quintal de moradores locais. Segundo eles, tem muita gente desconfiada, principalmente nas cidades grandes, mas a maioria estende a mão aos cicloviajantes.
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A segurança também é pensada cuidadosamente. Eles costumam dormir em postos de gasolina ou pedem para montar a barraca no quintal de moradores locais. Segundo eles, tem muita gente desconfiada, principalmente nas cidades grandes, mas a maioria estende a mão aos cicloviajantes.
E há gratas surpresas no meio do caminho:
“Uma vez, estávamos pedalando, e uma mulher passou buzinando de coche nos chamando para tomar moca na vivenda dela. Nós a seguimos, fomos até lá, tomamos moca, depois fomos embora”, relembra Iris.
E uma vez que faz para tomar banho? Na maioria das vezes, eles tomam banho em postos de gasolina. Mas nem sempre da forma tradicional — eles contam que, às vezes, precisam usar lenço umedecido, e já chegaram a tomar banho de caneca e regador.
Há seis anos na estrada, o par já pedalou pouco mais de 11 milénio quilômetros, passando por 17 estados brasileiros.
Inicialmente, eles passavam meses em uma determinada cidade, mas essa estratégia estava estendendo demais a viagem.
Agora, o tempo de permanência varia de alguns dias a semanas, de contrato com as atrações locais e o interesse de cada um.
No momento desta reportagem, eles estavam em Porto Velho, Rondônia, e faltava saber exclusivamente um bioma da lista: o Pantanal.
O maior repto — pedalar no ‘deserto’
Ao longo desta jornada, eles já viveram muitas aventuras. E se você perguntar qual foi o trecho mais reptador do trajeto, eles não vão pensar duas vezes: o Jalapão, no estado do Tocantins.
“Chamam (o Jalapão) de ‘deserto das águas’, e explorar de bicicleta era quase uma loucura. 100% das pessoas diziam que a gente era doido e que íamos morrer”, relembra Djoe.
Eles saíram do Região Federalista com direcção ao Jalapão em 2019. No trajeto entre as cidades de Ponte Subida do Tocantins e Mateiros, foram 210 quilômetros sem praticamente nenhuma estrutura para paragem. Era provável enxergar somente alguns moradores locais no caminho.
Trecho da estrada ‘sem termo’ entre Ponte Subida do Tocantins e Mateiros
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Porquê era estação de seca, eles enfrentaram temperaturas elevadas — com sensação térmica de até 50 graus pela manhã.
E se hidratar não era zero fácil. Eles contam que muitas vezes tinham que percorrer 50 quilômetros até encontrar uma manadeira de chuva. Mas, às vezes, davam sorte de descrever com a liberalidade de guias de turismo que passavam de coche.
“Foi a galera do turismo que nos deu suporte. E, inclusive, teve um guia que nos deixou comida.”
Mas o mais reptador, segundo o par, era pedalar naquele terreno. Eles tiveram que descer das bikes.
“A gente empurrava as bicicletas e demorava quatro horas para caminhar três quilômetros.”
Folga à sombra das bicicletas no Jalapão
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Quando chegavam na vivenda de moradores locais, ouviam até que deviam jogar as bicicletas fora porque iriam atrapalhar a travessia.
Eles lembram, no entanto, que também conseguiram caronas inesperadas ao longo do trajeto.
Foram 40 dias nessa região do país. E, mesmo com a dificuldade para pedalar, o par diz que se sentiu completo.
“A gente estava tão feliz, as pessoas foram tão incríveis. A paisagem é muito formosa, uma estrada longa de areia e zero dos dois lados. Várias vezes a gente estava lá, montava a barraca, e à noite não passava ninguém”, relembram.
Outros perrengues (e perigos) na estrada
Visitando as formações rochosas no Vale do Catimbau, em Pernambuco, em 2022
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Esse não foi único perrengue que eles passaram. Embora o clima possa ser, na opinião deles, um dos principais contratempos.
Eles lembram que pedalar na chuva também é complicado — e não é considerado tão seguro. E, às vezes, as condições meteorológicas se somam a imprevistos, uma vez que um pneu furado.
“No estado de São Paulo, estava chovendo muito uma vez, e o pneu da bicicleta da Iris estourou, e eu tive que permanecer literalmente protegendo com o guarda-chuva enquanto ela consertava o pneu. É doideira.”
Outra vez, sob um sol potente no sertão do Rio Grande do Setentrião, o pneu da bicicleta de Iris estourou oito vezes — eles lembram que estavam muito cansados, quase desidratando. Mas não teve outro jeito a não ser consertar.
Dia de chuva em Minas Gerais em 2018
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Ou por outra, em muitas rodovias os motoristas de carros e caminhões não respeitam os ciclistas.
Uma vez, logo no prelúdios da viagem, Iris sofreu um acidente. Ela freou bruscamente enquanto pedalava, e a bicicleta escorregou entre as pedras. Ela bateu a cabeça e desmaiou.
Porquê Djoe já estava um pouco mais adiante, ele não viu o que aconteceu. Quando parou, ele contou até 100, e uma vez que ela não apareceu, começou a voltar. Foi quando se deparou com Iris caída na estrada, sendo ajudada por um varão.
“Eu não lembrava das coisas, perguntavam se eu tinha sofrido um acidente, e não lembrava. Minha cabeça estava um pouco machucada, e não sabia recta o que tinha realizado.”
Djoe bateu na porta de um par de idosos, que inicialmente ficou intrigado, à procura de ajuda:
“Eles pediram para eu levar a Iris até lá, e eu levei. Eles viram que ela estava machucada e chamaram o SAMU. Ela foi atendida no hospital e deu tudo evidente”, relembra Djoe.
Pneu furado enquanto pedalavam no interno do Rio de Janeiro em 2018
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No termo das contas, eles acabaram passando quase quatro dias na vivenda desse par.
Depois do acidente, no entanto, Iris ficou insegura de voltar para a estrada.
“Nessa estação, comecei a questionar se aquilo era para mim, fiquei pensando, pensando. Foi difícil, mentalmente falando. Precisei superar aquilo para conseguir seguir pedalando.”
Perrengues e acidentes à secção, eles dizem que as paisagens de tirar o fôlego são sem incerteza uma recompensa. Mas afirmam que o que mais os marcou, ao longo desses anos todos de estrada, foram as pessoas.
Eles acreditam que conseguiram ver de perto a pluralidade do Brasil.
“A gente percebeu o quão incrível é o nosso país, e uma vez que de traje é nossa terreno, nosso povo. Uma história sofrida. É quase inacreditável que tenha tudo isso de uma vez. O bonito no Brasil é a heterogeneidade”, resumem.
Façanha pela América do Sul
Façanha pela América do Sul
Façanha pela América do Sul
Depois de quase seis anos viajando pelo Brasil, Djoe e Iris pretendem seguir para os Andes — a teoria é explorar os países da América do Sul a partir do segundo semestre.
O par quer estrear a viagem pela Bolívia, passar para o Peru e depois seguir para o Equador e a Colômbia.
Eles estão chamando o projeto de “Coragem nos Andes”, uma semelhança com o nome do perfil que têm nas redes sociais — “Coragem na Bagagem” (@coragemnabagagem).
E lançaram uma campanha de financiamento coletivo para ajudar a comprar equipamentos e roupas próprias para baixas temperaturas.
“Essa tempo internacional vai solicitar equipamentos mais técnicos e roupas apropriadas, que são caras fora do país. Pedalar a 3 milénio metros de altitude é dissemelhante”, explicam. “Vamos enfrentar um indiferente extremo.”
O projecto deles é completar esse roteiro em um ano — e eles afirmam que não pensam, por enquanto, em voltar ao modo de vida tradicional.
– Esta reportagem foi publicada em https://www.bbc.com/portuguese/articles/c14px5ynzglo
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