Aos 85 anos, Martinho da Vila está longe de se reformar da vida artística. Para a alegria dos fãs, o sambista acaba de lançar um novo projeto músico, o álbum Ópera Negra, disponível nas plataformas de streaming desde a última sexta-feira (12/5). Não por coincidência, o disco será apresentado ao público neste sábado (13/5), dia em que se comemora a extinção da escravatura no Brasil, no palco do Teatro J. Safra, em São Paulo.
“Eu já tenho 85 anos, acompanhei muito as mudanças do mundo. Mas não vejo muita diferença do que eu sou hoje para o que eu era 40 anos detrás, ainda faço quase tudo o que fazia. O que vai mudando são os gostos. Eu gostava muito de cafezeiro, hoje não aguento mais. Se faço alguma coisa por muito tempo, eu já quero fazer outra, já quero mudar!”, diz, em entrevista ao O Globo.
Com esse sofreguidão pelo novo, veio a inspiração para o álbum. “Desta vez, tinha que ter um noção. Logo eu pensei: porquê meus discos são mais para fora, mais alegres, resolvi tentar uma coisa mais dramática, um pouco para permanecer dissemelhante. E pensei numa ópera”, explica.
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Representatividade
No bate-papo, o artista falou sobre a atual posição da negritude no país. Martinho afirma ter visto um pouco mais esperança no Brasil depois de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltar a presidir a República.
“Avançou bastante nos últimos anos. Você não via negros em campanhas publicitárias, em capas de revistas, em anúncios, de uma maneira universal. Descobriram que a imagem do preto é boa para a venda, eles achavam que que o pessoal não tinha poder de compra”, pondera, e completa: “O que está faltando mesmo é a gente participar da vida social brasileira de maneira universal. Se fizer uma foto do governo brasiliano, ela fica parecida com a de um governo europeu. Tinha que ter quinhão para ministros, para secretários, para acadêmicos… Ia ser bom para todo mundo, não só para os negros. Mas vamos chegar lá”, conclui.