São Paulo
Talvez você nunca tenho ouvido falar de Chappell Roan, mas é verosímil que tenha lido alguma coisa sobre ela ou escutado seu maior hit, “Good luck, babe!”. Muito verosímil. A música está em 5º lugar na lista das mais tocadas no mundo no Spotify. Chappel foi apontada uma vez que “o horizonte da música” pelo New York Times.
A música, que fala sobre concordar de uma vez o paixão lésbico, é de autoria desta mulher queer de 26 anos, que vem conquistando o mundo pop e gerando polêmica com suas performances repletas de teatralidade e estética drag queen.
“Red Wine Supernova”, “Pink Pony Club” e “HOT TO GO” são mais alguns sucessos de Chappell, que se descreve uma vez que “a artista preferida da sua artista preferida” —uma frase que sugere singeleza ou a absoluta falta dela?
Kayleigh Rose Amstutz (uma vez que consta na diploma de promanação), é procedente de Willard, uma cidadezinha com menos de dez milénio habitantes cafundós do estado de Missouri, nos EUA. Ela escolheu nascente nome artístico em homenagem ao avô, que tinha “The Strawberry Roan”, de Marty Robbins, uma vez que música preferida.
Suas inspirações na música? Lady Gaga, Katy Perry, Lana Del Rey, Lorde… e Pabllo Vittar. Apesar de toda a surpresa que ela declara, os fãs desses artistas lutam com unhas e dentes contra qualquer prenúncio ao sagrado nome de seus ídolos. E é por isso que Chappell já foi motivo de polêmica com brasileiros, fãs de Pabblo.
A curso de Chappell começa aos 19 anos, em 2017, com o lançamento da música “Die Young”. Um ano depois ela se mudou para Los Angeles com os pais e deixou aflorar sua identidade queer, ao ser acolhida pela comunidade de drag queens de West Hollywood. Foi lá também que ela começou a trabalhar com o produtor Dan Nigro, o mesmo de Olivia Rodrigo, de quem Chappell viria a transfixar shows da turnê Guts, alguns anos depois.
No início de 2021, o sucesso de “Drivers License”, de Olivia, quase atrapalhou Roan. Enquanto Nigro focava no álbum “Sour” com ela, Chappell precisou voltar para Missouri e fazer sua música de forma independente, enquanto trabalhava em um drive-thru.
Posteriormente a breve pausa, ela voltou a LA e lançou uma série de músicas. Acabou conseguindo fazer com que seu produtor preposto lhe desse mais uma chance, e seu álbum de estreia, “The Rise and Fall of a Midwest Princess”, foi lançado pela Island Records em 2023.
Dados do Google Trends mostram que o interesse por Chappell nos EUA começou a crescer neste ano de 2024 e atingiu o pico de buscas em junho por conta da sua participação no popularíssimo programa de Jimmy Fallon, na TV americana.
No TikTok, viralizou um incisão da entrevista em que ela faz uma referência à drag Sasha Colby, sua inspiração e dona da frase “a drag queen favorita da sua drag queen favorita”. A publicação acumula 21,6 milhões de visualizações, sendo um dos posts recentes mais vistos no perfil do programa.
Para além dos trajes provocativos, Roan mostra que suas atitudes importam. Ao ser convidada para se apresentar em um evento do Orgulho LGBTQIAP+ na Morada Branca, ela recusou. Ao participar do festival Governors Ball, vestida de Estátua da Liberdade e fumando um cigarro, ela mandou um recado ao Governo: “Queremos justiça e liberdade para todos. Quando vocês fizerem isso, eu irei”.
CHAPPELL ROAN E PABBLO VITTAR
No Brasil, o Google Trends mostra que a cantora também começou a ser popular neste ano e um dos principais assuntos relacionados a ela é o tema drag queen. Muito disso está relacionado à treta criada por fãs de Pabllo travaram nas redes sociais.
Em entrevista à Billboard Brasil, Chappel falou sobre sua surpresa pela drag brasileira: “Eu senhor a Pabllo Vittar. Ela foi a primeira que encontrei [na música brasileira]. Eu a sigo [nas redes sociais] há muitos e muitos anos”. Apesar disso, fãs questionam seu sucesso, já que, segundo eles, seria “mais fácil” para ela, uma mulher cis, fazer sucesso uma vez que drag queen.
Chappell alcançou recordes inéditos para uma drag, uma vez que o top 5 na Billboard 200. Pabllo Vittar também ostenta grandes marcas, chegando ao top 15 global do Spotify com “Alibi”. No X, internautas se dividem entre proteger uma das partes ou comemorar que duas figuras da cultura drag e da comunidade LGBTQIA+ estão fazendo sucesso e aumentando a variedade na música.