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Pizza de padaria, patrimônio ameaçado da gastronomia de São Paulo – 26/03/2024 – Cozinha Bruta

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Ontem teve reunião de pais na escola do meu rebento. Começava às 19h. Um grande camarada tem filha na mesma classe: combinei com ele, uma hora antes, tomar uma cerveja numa panificação próxima.

Chegando na padoca, estava lá ela, na estufa: a pizza de panificação. Eu não resisto a pizzas de panificação.

Era uma pizza modesta, assim uma vez que a panificação. Não me entendam mal: trata-se de um preconização.

A panificação em questão, chamada Escol das Perdizes (alguém precisa fazer uma tese sobre padrões de nomes de padocas e pet shops), é uma das poucas sem catraca que sobraram em São Paulo.

Um tantinho maior do que uma garagem na secção visível, serve um pernil memorável que pode vir no pão ou no PF, com arroz e feijoeiro. A partir de qualquer momento da tarde, começa a trespassar pizza.

É a clássica pizza de panificação, que está escasseando pela cidade.

Fininha, comedida na cobertura, um estilo paulistano por superioridade. Magrinha, para enganar a inópia que dá entre o almoço e o jantar –ou em qualquer momento em que você esteja na rua e faça contato visual com a estufa.

Não vou mentir, nunca faria isso com vocês.

Numa avaliação objetiva, a pizza de panificação paulistana pegava recuperação. Mas é a tal da memória afetiva, né? Todos a temos. Carioca gosta de biscoito Orbe, gaúcho gosta de xis com ervilha e milho, paulistano gosta de pizza de padoca.

Você pode, por casualidade, chegar na panificação no exato momento em que a pizza sai do forno.

Em CNTP, seria o auge da pizza. A pizza de estufa, porém, requer afetivamente alguma maturação depois de assada. Para a tamanho molificar e se integrar com o molho de tomate. Para o queijo continuar quente e elástico, embora não mais exatamente liquefacto.

Aí você recebe num pratinho e encharca de óleo. Deve possuir 1 (huma) unidade de oliva por fatia, necessariamente, e você decide se a come de uma vez ou se tira nacos para consumir em várias garfadas. Oliva com caroço é mais raiz –assim veio na Escol das Perdizes.

A pizza de panificação paulistana é um patrimônio gastronômico que está ameaçado. Desfigurado. Por culpa dos donos das padarias.

Alguns querem extrapolar a função social da panificação e servir pizzas ao estilo das pizzarias, mirando os piores exemplos. Bordas recheadas, excesso de cobertura, originalidade sem critério.

Outros ligam o dane-se e fazem pizza de boteco, totalmente nas coxas, com tamanho pré-assada comprada pronta.

Pizzaria é pizzaria, boteco é boteco, panificação é panificação. Alguma ordem nesta zona, por obséquio.


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