Início Música Vinny: ‘Não preciso mais da música para sobreviver’ – 22/03/2024 – Música

Vinny: ‘Não preciso mais da música para sobreviver’ – 22/03/2024 – Música

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Rio de Janeiro

No final dos anos de 1990 e início dos anos 2000, só dava Vinny na cena músico. Vinícius Bonotto Conrado —seu nome de registro— vivia nos programas de auditórios de todas as emissoras e dominava as pistas de danças do Brasil afora com hits uma vez que “Heloísa, Mexe a Cadeira”, “Shake Boom”, “Na Léu” e “Uh! Tiazinha”, entre outros.

As músicas eram marcadas por batidas eletrônicas pulsantes e letras que abusavam das onomatopeias. Porquê explicar versos uma vez que “no badauê, no balancê / boom, boom, shake, shake, shake, boom”? Ou logo: “mexe a cadeira, sabe tudo e zero fala / mexe a cadeira e vai fazendo a minha mala”? Foram “fenômenos doidos”, uma vez que descreve o próprio cantor.

Vinny reconhece que, a princípio, não gostava de ver suas canções nas mãos DJs e remixadas a torto e a recta. “Odiei. Era contra”, lembra o paulista de Leme, que, posteriormente um período de baixa no mercado músico, decidiu estudar e se tornar psicanalista. “Já atendi em uma clínica e alguns pacientes me reconheciam, outros não”, conta.

Desde o ano pretérito, ele decidiu fechar a agenda de atendimentos para voltar a trabalhar com música. “Estou feliz pra caramba com meu retorno por milénio motivos”, afirma. “O primeiro e mais importante deles é que hoje, diferentemente daquele momento da vida, eu não preciso mais da música para sobreviver, sabe? Faço por prazer mesmo, libido e tesão.”

Confira inferior os melhores trechos da entrevista de Vinny ao F5.

A pergunta que não quer silenciar: as pessoas comentam que você não envelhece? Sempre tem aquela curiosidade do tipo ‘dorme no formol’?

Totalidade (risos). É o que mais ouço. Mas não durmo no formal e eu sempre respondo que a minha aspecto jovem é por culpa da alegria de viver. Sou muito grato de poder furar os olhos, ir e vir, produzir… Também nunca fui de tomar, drogas e noitadas, sabe? As noitadas só aconteciam mesmo quando eu tinha shows que varavam as madrugadas.

Você tem mais de 200 composições, são 14 discos no totalidade, mas se tem uma que é associada a você é ‘Heloísa, Mexe a Cadeira’. Um hit com o qual você deve faturar cimeira até hoje...

Com certeza. Foi um fenômeno doido, porque a música aconteceu em 1998. Não tinha internet e ela tomou uma proporção gigantesca. Principalmente depois do remix.

Porquê assim?

A música virou um remix, e eu fui contra. Quando o presidente da gravadora apresentou a teoria de fazer um remix, eu falei: ‘Nossa, isso vai permanecer uma merda, de jeito nenhum, não topo’. Ele fez, me mostrou e eu odiei (risos). Mesmo eu odiando, ele entregou aos DJs e aí aconteceu o estouro de ‘Mexe a Cadeira’. Eles estouraram a música na noite antes mesmo de ela ir para as rádios e para a televisão. Foi um rotação recíproco muito louco.

Mas, uma vez que era na sua cabeça fazer sucesso com uma música que você odiou? Suas letras eram, digamos, mais profundas ou você era de outro estilo?

O meu universo era totalmente dissemelhante. Tocava em uma margem de hard rock chamada Hay Kay [o grupo lançou um álbum em 1990 e teve a música “Segredos” incluída na trilha sonora da novela “Vamp”, da Globo]. As coisas não foram tão muito e aí eu lancei o meu primeiro trabalho solo em 1995 pela Indie Record. Era um disco acústico, outro tipo de som e a minha resistência inicial aos DJs era totalidade.

O que te fez quebrar essa resistência?

Uma vez que eu entendi uma vez que era que funcionava isso na noite, o que o pessoal queria ouvir nas pistas, percebi que podia ser manejável e, obviamente, lucrativo. Meti o pé e aí vieram “Shake Boom”, “Na Léu” e “Uh! Tiazinha”.

Você é rabi em Filosofia e é também psicanalista? Quando foi que virou essa chave de compositor de sucessos das pistas de danças para um estudioso?

Olha… essa paragem de fazer sucesso nas pistas de danças foi um estágio. Confesso que fui muito preconceituoso. Achava que aquilo era, sei lá, subalterno, e o que eu fazia era muito melhor. Incompreendido, mas muito melhor. Percebi a estupidez a tempo. A gente vive num país tropical e há uma inclinação procedente à sarau, né? O brasiliano tem essa inclinação procedente. E aí você é adoptado por uma galera gigantesca, sabe? Me sinto sortudo e orgulhoso da minha trajetória.

E ter outras profissões? Você chegou a fazer faculdade de recta?

Senhor recta e cheguei a trabalhar no setor jurídico da Bradesco Seguros, cá no Rio, mas sabia que iria ser um péssimo jurista porque tinha temor de falar na frente de um juiz (risos). Vi que a música tinha mais a ver comigo. Depois, fiquei um tempo querendo mudar de vida. O mercado também não estava bom e fui estudar filosofia e ciências sociais. No final, acabei me interessando pela psicanálise.

Mas você clinica? Os pacientes te reconhecem?

Sim, já atendi em uma clínica e alguns pacientes me reconheciam; outros não. Sabia que esse era um temor que eu tinha e debatia isso com os meus coordenadores, porque o veste de ser uma pessoa pública poderia ser muito ruim. Ou muito bom.

Porquê assim?

O veste de ser público, de alguma forma, pode já estabelecer alguma intimidade, né? Você já me viu de alguma forma. Eu não sou uma pessoa 100% estranha para você. Mas poderia ter também um bloqueio pela exposição. Felizmente, não tive grandes problemas. Tive muitos pacientes, tenho um carinho enorme por todos, só que, desde o final do ano pretérito, fui avisando um a um que agenda iria fechar por culpa da minha volta à música.

Você está voltando?

Fui contratado por uma gravadora de Los Angeles, a Expand Music, para lançar pelo menos uns dois, três discos. O primeiro já foi lançado e se labareda “Dança do Vinny”. O repertório é formado pelas músicas das pistas revistas e com alguns arranjos novos. Porquê falei, fechei a minha agenda de pacientes e agora quero transpor pelo Brasil com esse trabalho.

Está feliz com esse retorno?

Estou feliz pra caramba com meu retorno por milénio motivos. O primeiro e mais importante deles é que, hoje, diferentemente daquele momento da vida, eu não preciso mais da música para sobreviver, sabe? Senhor fazer o que eu faço. Faço por prazer mesmo, libido e tesão. Tenho 58 anos e transpor de morada para tocar em um cidade do interno, passar horas dentro de um ônibus, pegar avião, fazer várias turnês seguidas… Você tem que estar com vontade de fazer isso ou estar precisando muito. Hoje, o meu caso é o primeiro, graças a Deus.

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