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Nordeste brasileiro deverá se tornar uma das principais rotas de cafés especiais do país | ASN Nacional

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A região Nordeste se tornará, nos próximos anos, uma das principais rotas de cafés especiais cultivados em propriedades rurais centenárias, de forma sustentável, associada ao turismo de experiência. Para tanto, o Sebrae está traçando um projecto de trabalho em parceria com produtores de moca, consultores e gestores do agronegócio, que deverá mapear várias regiões com potencial para desenvolver a cultura. A expectativa é que daqui a quatro anos, quando o Brasil completará 300 anos da história do moca, a região Nordeste seja um dos principais destinos turísticos para os apreciadores dessa bebida tão brasileira, que testemunha ao longo de décadas histórias de famílias que cultivam, além do grão, a cultura, tradição e hábitos de consumo da bebida em torno de uma mesa, seja em reuniões familiares, no envolvente de trabalho ou mesmo num bate-papo numa cafeteria.

Gestores das Agências do Sebrae nos estados do Nordeste estiveram reunidos durante a Sarau do Boi, em Parnamirim, juntamente com alguns produtores e consultores para delinear as diretrizes do projecto. A teoria é ampliar projetos exitosos uma vez que a Rota Verdejante do Moca, na Serra de Baturité no Ceará, cuja região abriga a mais extensa Extensão de Proteção Ambiental (APA) daquele estado, perfazendo mais de 32 milénio hectares. Além do município de Baturité, a rota abrange os municípios de Mulungu, Guaramiranga e Pacoti, que têm atraído milhares de turistas interessados em fazer passeios por fazendas seculares, conhecendo histórias de famílias rurais e apreciando aromas e sabores do melhor moca de um gão puro, 100% arábica.

Gestores dos Sebraes do Nordeste, consultores e produtores de moca definem um projecto de trabalho para implantar a rota do moca na região. Foto: Isaac Silva.

O moca está presente na história do Brasil desde o século XIX, na idade do Predomínio. A gestora responsável pelo segmento de moca do Sebrae Pátrio, Carmen Sousa, é a maior entusiasta do projecto da geração de uma rota do moca nos estados do Nordeste. Carmen lembra que o Brasil é o maior produtor mundial e segundo maior consumidor de moca, que em 2027 completa 300 anos de história da produção de grãos no país. Segundo Carmem, levantamento do Ministério da Lavra, da Pecuária e da Pesca– Planta, revela que o Brasil possui murado de 300 produtores de moca.

Segundo a comentador técnica do Sebrae, a atuação da instituição no segmento ocorre com ações pontuais em 14 dos 17 estados produtores de moca no Brasil, já tendo sido mapeadas 38 regiões nestas 14 unidades da Federação. “Temos um trabalho muito potente dentro das propriedades, atendendo aos produtores, além de ações pontuais em cafeterias em diversas localidades”, explica, lembrando que existem atualmente 15 selos de IG – Indicação Geográfica do moca.

Carmen Sousa revela está sendo resgatada uma cultura de moca muito antiga no Nordeste brasílio, sobretudo no Ceará, em Pernambuco e na Paraíba.

Carmen Sousa é grande entusiasta da geração da rota do moca no Nordeste. Foto: Isaac Silva.

“O Nordeste já foi celeiro de pequenas produções de moca e resgatar essa produção é muito importante para a região. Estamos iniciando um projecto de trabalho para a região Nordeste, partindo do micro ao macroambiente até chegar nos grandes produtores, uma vez que São Paulo, Minas e Espírito Santo. Vamos definir ações unindo todos os elos da ergástulo do moca, que é grande e até perceptível ponto complexa”.
– Carmen Sousa, entusiasta da geração da Rota do Moca

Empreendedorismo e turismo de experiência

A teoria do projecto é fazer com que o pequeno produtor consiga produzir com qualidade e valor confederado, passando a integrar toda a ergástulo produtiva. “A indústria também precisa estar conectada e o Parecer dos Exportadores de Moca do Brasil precisa saber e se envolver em tudo isso. Temos que explorar o mercado interno, investir em inovação. Inclusive estimular o consumo dos cafés especiais”, defende.

Carmen Sousa explica que o projecto de trabalho vai se desenvolver a médio e longo prazo, com expectativa dos primeiros resultados no final de 2024. “A empolgação dos representantes de todos os estados nos leva a confiar que venceremos esse duelo de gerar essa rota de cafés especiais, uma vez que um resultado terroir, envolvendo produtores, microtorrefação, que faz a torra de lotes reduzidos de cafés de qualidade mais elevada, as universidades e outros parceiros para fortalecer esse trabalho”, atesta.

O consultor credenciado do Sebrae-CE, Ramon Farias, exemplificou a viabilidade da geração da rota do moca no Nordeste, a partir de um trabalho desenvolvido há mais de 10 anos na região da Serra do Baturité-CE em que revitalizou o cultivo do moca, com o base do Sebrae cearense num contexto de inovação, empreendedorismo, sustentabilidade e turismo de experiência. Foram oferecidas capacitações com os produtores, além de consultorias e da participação de produtores em eventos da superfície.

Ramon lembra que região tem sete microtorrefações, que compreendem a Rota Verdejante do Moca, com turismo de experiência nas propriedades com visitação aos plantios, além de explicações sobre o cultivo e a produção de grãos de cafés especiais. Atualmente 12 marcas do moca cearense são atendidas pelo projeto, perfazendo 15 propriedades rurais. “O nosso propósito é promover uma evolução e o desenvolvimento territorial para os produtores inseridos no processo, impactando na qualidade de vida dessas pessoas”, afirma.

“Cá no Rio Grande do Setentrião estamos iniciando um trabalho com a implantação de unidades demonstrativas, que vão impulsionar microrregiões do estado em municípios uma vez que Jaçanã, Martins, Portalegre e Coronel João Pessoa, além de Cerro Corá e Lagoa Novidade, que serão inseridos. A expectativa é aproveitar o potencial dos estados do Nordeste, uma vez que o do Ceará que já está consolidado”, conta, lembrando que já existe um diagnóstico prévio apontando para uma produção de qualidade, considerando as condições edafoclimáticas bastante favoráveis ao cultivo dos cafés especiais na região.

Produtor Diogo Castro e a esposa cultivam o moca Jaçanã no município homônimo.

O produtor do Moca Jaçanã, Diogo Castro, é um dos pioneiros na retomada das pequenas produções de cafés especiais no Rio Grande do Setentrião e tem grande expectativa em relação à geração da Rota do Moca do Nordeste. “Acho que a cafeicultura só tem a lucrar. A união dos produtores em toda a ergástulo produtiva certamente trará benefícios a essa cultura. Temos muitas regiões com terroir com uma grande variedade de características de aromas e sabores. Buscamos uma produção de qualidade que resulte numa bebida diferenciada”, afirma Diogo, acreditando que com o base do Sebrae e seus consultores, os produtores de moca terão condições de continuar no processo de produção com tecnologias e lucro de competitividade.

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