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‘Classe média do pop’ talvez nunca chegue ao estrelato – 20/08/2023 – Música

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The New York Times

Há certos quadrantes da internet em que “The Loveliest Time”, o sétimo álbum da cantora canadense Carly Rae Jepsen, talvez seja considerado porquê o maior disco do ano. Mas é muito provável que o ouvinte médio das rádios que tocam só os 40 maiores sucessos das paradas americanas não o tenha ouvido. E, quando a paragem Billboard 200 foi publicada, na semana seguinte ao seu lançamento, no mês pretérito, “The Loveliest Time” não constava da lista.

A base de fãs online de Jepsen, sempre muito ativa, faz segmento de um ecossistema publicado porquê “Stan Twitter”. Um passeio por “contas de atualização” administradas com desvelo obsessivo, porquê @PopCrave e @chartdata, gera a sensação de que estamos vivendo uma era dourada para o pop puro, semelhante ao período dos anos 2010 em que Katy Perry, Lady Gaga e Rihanna dominavam o mercado da música com canções construídas sobre “hooks” demolidores e sintetizadores vibrantes.

Nas redes sociais, fervilham continuamente conversas sobre um conjunto de artistas —Kim Petras, Ava Max, Sabrina Carpenter, Bebe Rexha, Rina Sawayama, Rita Ora, Troye Sivan e outros— que são debatidos e adorados, e muitas vezes se tornam “trending topics”. Para seus fãs fiéis, muitos dos quais mulheres e homens gays (que sempre se esforçaram para valorizar as divas menosprezadas), eles são estrelas pop –pelo menos de combinação com os critérios da internet.

Sem incerteza, são celebridades com número considerável de seguidores nas mídias sociais. Talvez tenham desfrutado de alguma forma de popularidade —um sucesso no ranking Hot 100, um momento de prestígio viral no TikTok ou simplesmente uma coleção muito leal (embora modesta) de devotos que lhes permite lotar shows em casas de espetáculos de médio porte em todo o planeta. Mas ainda não conseguiram dar o salto para a fluente dominante da música mercantil, ou não conseguiram manter seu espaço nela.

Em lugar disso, constroem carreiras com base em um metapop viciante e de tom vívido —músicas que parecem abordar e folgar ativamente com as figuras de estilo da história do pop—, com a ajuda de bases de fãs que as tratam porquê se fossem sucessos tão grandes quanto Taylor Swift. Para esses artistas, o estrelato pop não é uma categoria mercantil, mas um som, uma estética e uma atitude.

A economia do streaming criou uma tira de estrelas pop que talvez nunca cheguem a obter o sucesso viral ou o esteio de grandes gravadoras necessário para atingir a tira mais subida das paradas ou lotar estádios, mas que, mesmo assim, têm bases de fãs dedicadas e uma renda estável com turnês e licenciamentos —essencialmente, o tipo de protótipo no qual os músicos independentes confiam há anos. Isso pode estar a quilômetros de intervalo do espetáculo e do clarão normalmente associados à música pop, mas oferece um caminho em direção a alguma coisa que, durante décadas, se mostrou quimérico para muitas aspirantes a estrelas pop: uma curso sustentável.

Algumas dessas cantoras, porquê Jepsen e Charli XCX, conseguiram um (ou alguns) sucesso(s) no início de suas carreiras, antes de se estabelecerem na classe média do pop; outras, porquê Rexha e Max, fazem sucesso consistentemente em nichos musicais, em universal na dance music, mas ainda não conseguiram se solidar porquê nomes conhecidos. Rita Ora, verdadeiro sucesso nas paradas de sucesso no Reino Uno, construiu uma base de fãs que a cultua, em segmento com base no trajo de que ela parece não conseguir se firmar nos Estados Unidos (seu álbum mais recente, “You & I”, não entrou nas paradas de sucesso, depois seu lançamento em julho). Uma vez que acontece no caso de muitas dessas estrelas, os fãs de Ora a adoram exatamente porque ela não é bem-sucedida —uma artista de nicho que opera com toda a pompa e ostentação de uma estrela de primeira ordem.

Artistas porquê Sawayama e Caroline Polachek fazem música com pouco impacto mercantil, mas manipulam um som de tendência pop que lhes permite montar shows ao vivo em estilo pop e folgar com a estética do pop, enquanto artistas porquê Sivan e Carpenter sempre parecem estar à cercadura do estrelato genuíno e, ocasionalmente, encaixam um sucesso nos postos mais baixos dos 100 mais das paradas, mas raramente sobem supra dessa tira.

Petras, principalmente, apresenta seu trabalho porquê uma espécie de metacomentário sobre a natureza do estrelato pop propriamente dito. Seu álbum de estreia, “Feed the Beast”, lançado em junho, é construído em torno de batidas crepitantes de EDM, “hooks” grudentos e um sucesso genuíno: “Unholy”, que chegou ao primeiro posto das paradas com Sam Smith e ganhou um Grammy em fevereiro. Esse sucesso a transformou em uma verdadeira estrela pop? Não exatamente. “Feed the Beast” estreou na 44ª posição da paragem Billboard 200, vendendo o equivalente a 17 milénio cópias; o disco saiu da paragem depois de somente duas semanas. “Alone”, um single com a participação de Nicki Minaj, ficou uma semana no Hot 100 em maio.

O single de estreia de Max, uma tira sintetizada e dançável chamada “Sweet But Psycho”, alcançou a 10ª posição em 2019. Desde logo, ela vem seguindo uma fórmula semelhante, mas com retornos decrescentes; seu último disco, “Diamonds & Dancefloors”, só ficou uma semana na paragem de álbuns. Carpenter alcançou a nomeada porquê estrela do Disney Channel e se estabeleceu porquê um sólido sucesso pop de médio porte: “Emails I Can’t Send”, lançado no ano pretérito, é seu quinto LP e, até agora, seu maior sucesso, e traz “Nonsense”, um single que por um breve momento tomou as rádios de assalto, mas alcançou somente a 56ª posição no Hot 100. Rexha tem 11 milhões de seguidores no Instagram, uma povo de “Rexhars” dedicados, online, e um single recente no Top 5, “I’m Good (Blue)”, em colaboração com David Guetta. Mas, porquê acontece com tantas outras estrelas pop que estão trabalhando atualmente —inclusive Sivan, que estrelou “The Idol”, badalada série da HBO—, sua notoriedade parece estar completamente dissociada de seu desempenho mercantil.

O ponto em geral que une esses artistas é o trajo de não tratarem a “música pop” porquê uma categoria mercantil, mas porquê uma linhagem músico separada, dotada de códigos e convenções próprios a serem explorados e reinterpretados. É um ponto de vista que se tornou verosímil graças ao tipo de nomeada que a internet cria e promove: a teoria de que o termo “popstar” é uma medida de influência ou reconhecimento de nome, não um emblema diretamente relacionado ao sucesso mercantil.

Essas estrelas do pop produzem basicamente canções de nicho. Ao contrário de predecessoras que pilhavam o underground em procura de novos sons para levar ao mercado mercantil, parecem viver uma fixação pela própria história do pop. De muitas maneiras, faz sentido que sejam consideradas porquê Estrelas Pop com letra maiúscula, pelos habitantes de um mundo tão obcecado por referências quanto o Twitter; grande segmento de sua música parece ter sido feita por e para fãs fervorosos.

O recente single de Sivan, “Rush”, que alcançou a 76ª posição no Hot 100 no mês pretérito, combina um house inebriante ao estilo dos anos 2000 com um refrão irônico que lembra o Village People. Os três álbuns completos de Petras funcionam porquê pesquisas sobre o pop dançante ao longo dos tempos, menos preocupados com sons de ponta do que com homenagens carinhosas. A bricolagem pop de Sawayama faz referência a Shania Twain, Lady Gaga, Linkin Park e à mito do J-pop Utada Hikaru.

De muitas maneiras, o pop mesmo está encolhendo. Atualmente, o Hot 100 é povoado por músicos country (Morgan Wallen, Luke Combs), criadores de sons regionais (Rema, Peso Pluma) e estrelas do rap (Travis Scott, Gunna). Com exceção de algumas luzes persistentes, porquê Swift e Miley Cyrus, relíquias de uma idade em que a música convencional era dominada por estrelas pop reluzentes, há poucos cantores pop nas paradas de sucesso atuais.

Para outras estrelas pop contemporâneas, o próprio ato de lançar música parece pouco relacionado ao seu status porquê celebridades. Nos últimos anos, Kesha —uma das forças comerciais dominantes da dezena de 2010, depois de prometer 10 sucessos no Top 10s em seus primeiros quatro anos de curso– se tornou conhecida menos por sua música do que por sua longa batalha judicial com o produtor Dr. Luke; ainda uma figura fixa no Twitter (agora publicado porquê X) e nos jornais sensacionalistas, a música de Kesha é frequentemente a coisa menos discutida sobre ela. “Gag Order”, seu último álbum, estreou em 187º lugar em maio, vendendo o equivalente a 8,3 milénio cópias em sua primeira semana.

E ainda há Charli XCX, que passou grande segmento de sua curso gravando discos estranhos e abrasivos, com uma série de colaboradores do mundo do hiperpop e da música eletrônica experimental. No pretérito uma cantora com potencial mercantil simples —durante os primeiros anos de sua curso, Charli obteve um punhado de sucessos no Top 10 do Hot 100, incluindo uma colaboração com Iggy Azalea, “Fancy”, que chegou ao primeiro lugar– a sensação dominante, por qualquer tempo, era a de que ela havia se retirado voluntariamente das Olimpíadas da música pop, talvez porquê uma forma de se isolar dos caprichos insensíveis e muitas vezes cruéis das grandes gravadoras.

No termo das contas, a questão era muito mais simples do que isso: ela simplesmente escolheu fazer um meandro estético. Seu quinto álbum, “Crash”, lançado no ano pretérito, foi descrito pela própria Charli porquê seu “principal momento de pequena pop” e estreou em sétimo lugar, sua posição mais subida no Billboard 200. Neste mês, o single “Speed Drive”, escrito para a trilha sonora de “Barbie”, se tornou seu primeiro lançamento a chegar ao Hot 100 em nove anos. Isso deixou muito clara a situação: ela pode perfeitamente ser uma grande estrela pop, se assim escolher.

Tradução de Paulo Migliacci

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