Início Turismo 123milhas leva incerteza a mercado de milhas aéreas – 15/09/2023 – Mercado

123milhas leva incerteza a mercado de milhas aéreas – 15/09/2023 – Mercado

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Na lista de 719.440 credores da 123milhas, não há somente os que compraram passagens para voos não existentes. Um número não identificado é de vendedores de milhas aéreas. E essa modalidade de negócios sofreu susto com o fechamento da empresa e de sua parceira, a Hotmilhas.

“Tenho um colega que vendeu R$ 120 milénio [e não recebeu]. Mas há quem tenha perdido R$ 300 milénio, R$ 400 milénio. É um rombo enorme. Muita gente se deu mal nisso”, afirma Augusto Muraoka, possessor do curso Milhas Fora da Caixa, que ensina porquê apinhar e usar milhas aéreas, um pouco cada vez mais popular nas redes sociais.

Dois operadores desse mercado disseram à Folha terem negociado muro de R$ 350 milénio, no totalidade. Ambos estão na fileira de credores da 123milhas, com a incerteza de se vão receber. Eles não querem ter os nomes divulgados porque usaram também cartões de crédito e CPFs de parentes para realizarem as transações.

“É relativamente simples. Basta saber gerar a milha com plebeu dispêndio e depois revender. Aproveitar uma promoção para comprar pontos, transformar em milhas e revender. Muitas pessoas investiram nisso e, porquê deu claro nas primeiras vezes, começaram a colocar o que não tinham: parcelaram no cartão de crédito, agiotagem… Compra parcelado em 12 meses, recebe o pagamento em cinco e cria um pequeno capital de giro”, diz Heron Alonso, proprietário dos cursos Planta das Emissões e Código das Milhas.

Influenciadores nas redes sociais prometem ensinar a lucrar com essas transações. Programas de fidelização costumam permitir compras de pontos com desconto. Esses depois podem ser convertidos em milhas aéreas e revendidas com lucro. Quase sempre, o comprador era a Hotmilhas.

Funcionava assim: ao comprar as milhas, a Hotmilhas pedia também o login e a senha da conta do cliente nos programas de fidelidade. Ao vender um bilhete airado, a 123milhas usava a as milhas desta conta para remunerar a companhia aérea e exprimir a passagem no CPF do comprador final.

Para quem juntou as milhas e iniciou a negociação, o prazo para receber o quantia da 123milhas (ou Hotmilhas) era de cinco meses. Quando elas quebraram, o único jeito foi entrar na lista de credores da recuperação judicial.

As empresas aéreas limitam quantos CPFs cada cliente pode usar para exprimir passagem. Podem variar de 25 (Latam) a cinco (Azul). Para driblar essa regra, a solução encontrada pelos operadores foi produzir novas contas com dados de familiares e amigos para investir mais e maximizar os lucros. Quando a 123milhas entrou em recuperação judicial, ficou o calote.

Para donos de cursos e agências de turismo consultados pela reportagem, o expediente é lícito. Mas a opinião não é compartilhada pela Latam, que administra o programa de fidelidade Latam Pass.

“A Latam esclarece que nunca teve nenhuma relação mercantil com a 123milhas e demais empresas do grupo que comercializam passagens adquiridas com pontos de programas de fidelidade, e reforça que o regulamento do Latam Pass proíbe a venda de pontos e pune os participantes que vendam pontos, conforme o regulamento do programa”, diz a nota enviada pela assessoria de prensa da companhia.

Consultada, a Azul afirmou que não iria se pronunciar. A Gol disse que a consulta teria de ser feita ao Smiles, que também não se manifestou. O mesmo vale para a Livelo, a principal empresa de fidelização e pontos de milhagem do país.

“A partir do momento que as milhas são acumuladas pelo cliente, isso acontece pelos gastos, pelas estratégias, pelos custos. As milhas são dele, não são conseguidas de perdão. Nenhuma companhia aérea sai depositando milhas na sua conta. O cliente está pagando de alguma maneira para comprar essas milhas, que são para ele fazer o que preferir, viajar ou ceder para alguém viajar, o que é a venda”, defende Rafaela Molás, uma das donas do curso Milhas sem Sigilo, que afirma já ter tido mais de 15 milénio alunos.

Pesquisa da ABEMF (Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização) apontou que o número de pontos ou milhas emitidos no Brasil em 2022 chegou a 509,4 bilhões, 61,8% a mais em relação a 2021. A maioria foi usada na troca de outros benefícios oferecidos pelo programa e 6,35% acabaram na compra de passagens aéreas.

“A ABEMF entende que os programas de fidelidade possuem uma finalidade própria e específica: premiar consumidores fiéis. Dessa forma, os objetivos são proporcionar o acúmulo de pontos ou milhas pelos consumidores e que eles exerçam seu recta de resgate por novos produtos e serviços disponibilizados”, diz Paulo Curro, diretor executivo da Associação.

As milhas aéreas surgiram nos Estados Unidos em 1979 porquê forma não só de fidelizar a clientela, mas tornar mais fácil a compra de serviços extras no voo, porquê melhores assentos ou refeições especiais. Em 1994, no Brasil, a Varig criou o Smiles, atualmente operado pela Gol.

Principalmente na pandemia da Covid-19, entre 2020 e 2021, as empresas tiveram na venda de milhas uma forma de capitalização. Mas trata-se de extensão em que a mesma companhia vende as milhas e determina quantas são necessárias para comprar uma passagem. Isso inflacionou o mercado.

“Em 2014, eu resgatava uma viagem ida e volta para os Estados Unidos, em classe executiva, por 75 milénio milhas no Smiles pela Delta [parceira do programa]. Hoje, se eu quiser fazer o mesmo trajeto será uns 400 milénio”, afirma Muraoka, completando que mesmo o mercado de revenda não proporciona o lucro da dezena passada. “Tem gente que fala hoje em dia em lucrar 15% ou 20% em um ano. Antigamente, ganhava-se 30% ou 40% em um mês.”

Há os bancos também. Instituições financeiras compram regularmente milhões de milhas para dar porquê favor aos seus clientes de cartões de crédito e estimular o uso.

“A venda de milhas salvou as empresas aéreas na pandemia. Mas é o mercado em que quem define o valor da passagem é o credor. Define de concórdia com o que desejar. Deixou de ser um programa de recompensa há muito tempo”, completa Alonso.

A quebra da 123milhas prejudicou os operadores de compra e venda (eles chamam a si mesmos de “traders”) que tinham quantia a receber, mas não acabou com esse mercado. Pequenas agências de turismo têm feito essa negociação obtendo os mesmos lucros da companhia em recuperação judicial.

“O mercado de milhas não vai findar. Pelo contrário, só tende a crescer. As pessoas vão continuar juntando milhas, principalmente as que têm conhecimento. As próprias companhias aéreas vão continuar vendendo para os clientes porque gera renda para elas. Novas empresas e modelos de negócio vão surgir para aproveitar esse espaço. Quem quer fazer essa revenda tem de se profissionalizar, seja emitindo passagem no pessoal, para amigos, familiares ou cedendo para uma sucursal de viagem que confie”, garante Rafaela.

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